Os movimentos independentes de professores acusam os sindicatos de
prepararem uma proposta de avaliação sem a discutirem com os
professores. Numa altura em que tutela e plataforma sindical se
preparam para se sentar à mesa e discutir os problemas do actual
modelo, os professores sublinham que a origem do descontentamento é
anterior e começou com o estatuto da carreia docente (ECD).
"Esse sempre foi o nosso principal motivo de luta. Aliás, os
movimentos independentes surgiram com base nesse descontentamento que
foi surgindo nas escolas. E, enquanto isto não estiver resolvido, não
haverá serenidade nas escolas", disse ao DN Ilídio Trindade, do
Movimento Mobilização e Unidade dos Professores (MUP).
Apesar de o estatuto da carreira já ter sido aprovado há quase dois
anos e de os problemas terem sido referidos logo na altura, o
representante dos professores adianta que os conflitos se adensaram
quando se começou a aplicar o modelo de avaliação - que decorre do
próprio estatuto - e os professores se aperceberam que estavam a
competir uns contra os outros.
O mesmo já tinha sublinhado Rosário Gama, presidente do Conselho
Executivo da Escola Infanta Dona Maria, em Coimbra. Ao DN, a
responsável pela escola pública que subiu este ano ao topo do ranking
das escolas referiu os problemas e as injustiças criadas pela divisão
da carreira em titulares e professores. Rosário Gama exemplificou com
casos concretos o que diz terem sido as injustiças causadas pela
divisão e pela imposição de quotas, ao restringir as notas Muito Bom e
Excelente.
Ilídio Trindade diz ainda que é notória a mudança de discurso dos
sindicatos. Se antes falavam mais da avaliação, agora já centram as
palavras no estatuto, acrescenta. Aliás, o mote das concentrações
distritais que amanhã começam no Norte do País é mesmo esse: "Contra o
ECD do ME!", embora aí também se exija a suspensão da avaliação.
No seio das escolas, a preocupação com o que poderá ser levado à mesa
das negociações com o Ministério da Educação também já se instalou. Ao
DN, uma professora da zona de Lisboa criticou o facto de os sindicatos
não terem desenvolvido uma ampla discussão com os professores e irem
apresentar uma proposta que todos desconhecem.
Depois da concentração de hoje nas capitais de distrito do Norte,
amanhã os protestos estendem-se ao Centro, na quinta à região de
Lisboa e Vale do Tejo na sexta-feira terminam no Sul do País.
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