domingo, novembro 02, 2008

O que fazer depois do 15/11?

Suponhamos que a manifestação do dia 15 se salda - como eu prevejo que se vai saldar - por uma grande demonstração de força dos professores. A questão que se põe é: o que fazer com essa força?Já vi proposto que no dia seguinte devíamos começar a organizar-nos. Encaro esta proposta com grandes reservas. Todas as coisas têm o seu preço: quanto mais nos organizarmos mais legitimidade e mais representatividade ganharemos - mas a estrutura que criarmos, por mais leve que a queiramos fazer, terá sempre algum peso; será sempre, por minimamente burocrática que seja, burocrática; e estabelecerá sempre, por menor que seja essa distância, alguma distância em relação aos professores.Ora as grandes vantagens estratégicas dos movimentos independentes têm sido a leveza, a mobilidade, a capacidade de reacção instantânea e de inflexão de rumo, a sensibilidade apurada aos sinais vindos das bases. São vantagens preciosas, até porque mais ninguém as tem. Não as devemos deitar fora: tenhamos a lucidez de compreender que são elas que nos permitem tirar partido das maiores fraquezas das burocracias governamental e sindical: o peso excessivo, a inércia, o isolamento da realidade.Se os sindicatos nos perguntarem, como têm perguntado, onde está a nossa representatividade, devemos responder que não queremos a deles. A nossa representatividade e a nossa autoridade devem ser apenas as que nos forem dadas, momento a momento, pela resposta dos professores às nossas propostas. As outras formas de representatividade e autoridade devem continuar a caber às associações formais e aos sindicatos.Ao tentar competir contra os movimentos independentes, os sindicatos estão a cometer um erro que lhes vai sair caro. É pena, porque o fazem por medo e esse medo é injustificado; e é pena, também, porque todos os professores ficam a perder com isso.Não cometamos nós o mesmo erro. Não tentemos competir contra os sindicatos. Aproveitemos a força que temos, que é considerável, e não deitemos ao lixo as nossas vantagens estratégicas para entrar na mesma guerra de trincheiras que a burocracia sindical e a burocracia ministerial travam uma conta a outra.
http://legoergosum.blogspot.com/

Sem comentários: