domingo, dezembro 07, 2008

Independentes pedem “firmeza” aos sindicatos


Uma foto do evento em Leiria, ontem.

Plataforma Sindical e Ministério da Educação marcam posições
Mário Nogueira: “Os professores não brincam às lutas” Professores

6 • Público • Domingo 7 Dezembro 2008

O Governo sentiu necessidade de
esclarecer ontem que da reunião de
dia 15 nunca sairá a suspensão da
avaliação dos professores
a No dia em que dois movimentos
independentes de professores pediram
aos sindicatos que não voltem “a
cair no logro” de assinar um acordo
com o Ministério da Educação (ME)
sobre a avaliação do desempenho
docente, como aconteceu em Abril,
o secretário de Estado adjunto, Jorge
Pedreira, convocou os jornalistas para
que “não reste nenhum equívoco”:
em nenhuma circunstância os professores
deixarão de ser avaliados à luz
das novas regras este ano. E o clima
de tréguas anunciado na véspera deu
ontem lugar a uma nova guerra de
palavras.
Mal Jorge Pedreira acabava de falar
em Lisboa, já a Plataforma Sindical
de Professores convocava uma conferência
de imprensa em Coimbra na
qual o seu porta-voz, Mário Nogueira,
lembrou que, se for necessário, “os
professores não brincam às lutas”.
Na sexta-feira, ME e Plataforma
tinham acordado uma reunião de
“agenda aberta” no dia 15 para falar
de avaliação. E Nogueira tinha anunciado
a suspensão (que se mantém)
das greves agendadas para a próxima
semana. A marcação do encontro de
“agenda aberta” e a suspensão dos
protestos foram lidos como uma
aproximação entre professores e ME
depois de meses de conflito.
Contudo, segundo Pedreira explicou
na conferência de imprensa de
ontem, a Plataforma “resolveu dizer
[já depois da reunião de sexta] que
estava sobre a mesa a suspensão”,
o que “gerou um equívoco” que era
preciso desfazer. Durante a noite, o
ME enviou mesmo um comunicado,
por e-mail, a todos os professores explicando
que a avaliação é para se
fazer.
“Agenda aberta significa permitir
às partes dizer o que entendem”,
acrescentou ontem. “A Plataforma
é livre na reunião de dia 15 dizer que
quer a suspensão, mas já sabe qual
e a resposta do ME.” Dessa reunião
podem vir a surgir, no máximo, pequenos
ajustes a um modelo que o
ME já simplificou.
Pouco depois, em Coimbra, numa
intervenção que Nogueira classificou
como “um esclarecimento ao país e
um apelo ao Governo”, o sindicalista
pedia à tutela que “respeite o compromisso
assumido: aceitar que sobre
a mesa de negociações estejam duas
propostas (a do Governo e a da Plataforma)
com a mesma dignidade; e
que cada uma das partes possa esgrimir
os respectivos argumentos”.
“Se não fosse este o pressuposto,
não valeria a pena haver reunião”,
disse Nogueira. É que é cedo para
falar de aproximação entre as partes.
“Na próxima reunião se verá se
houve ou não aproximação”, disse o
secretário de Estado.
Apelo a Cavaco
Durante a tarde, 150 professores, em
representação de 100 escolas, deliberaram
manifestar-se em frente ao Palácio
de Belém, no dia 19 de Janeiro,
para pressionar o Presidente da República
a assumir uma posição “mais
firme e determinada” em relação aos
protestos dos docentes.
A medida foi aprovada durante um
encontro em Leiria promovido pelo
MUP (Movimento para a Mobilização
e Unidade dos Professores) e pela
APEDE (Associação de Professores e
Educadores em Defesa do Ensino). No
final, Ilídio Trindade, coordenador do
MUP, disse que não sabe se suspensão
dos protestos decidida pela Plataforma
é uma medida estratégica. Mas foi
dizendo que os sindicatos deviam ter
“um pouco mais de firmeza”.
De resto, todos os participantes no
encontro exigiram à Plataforma sindical
que “não volte a cair no logro”
de assinar um novo memorando de
entendimento, se o documento não
respeitar a vontade dos professores.
Uma das medidas aprovadas nesse
sentido consiste em referendar a
vontade dos professores para que
os sindicatos “representem o seu
verdadeiro sentir”.

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