segunda-feira, dezembro 29, 2008

OS LIVROS, OS EDITORES E OS LEITORES

As considerações de António Lobo Antunes, transcritas no Público, sobre o indecente preço dos livros em Portugal suscitam-me dois comentários. Em primeiro lugar e em termos mais genéricos, a cultura em Portugal é um produto de luxo, veja-se também o preço dos CDs e dos espectáculos. O Ministério da Cultura vive, com melhorias esporádicas, numa apagada e vil tristeza orçamental. Sabe-se como os museus têm dificuldade em manter portas abertas, para não falar de investimento e manutenção nos respectivos espólios. Muito do que se realiza em Portugal em matéria de cultura está dependente de apoios privados, carolice e mecenato. A crise instalada vai complicar a situação.
Por outro lado, e no que respeita ao mercado livreiro, creio que uma das grandes razões para o preço dos livros será o reduzido volume de consumo desse bem por parte do cidadão comum. De facto, à excepção de alguns, poucos, nomes, entre os quais Lobo Antunes, as edições reduzidas dificultarão, por questões de escala, o abaixamento do preço. Algumas editores ou grupos editoriais têm experimentado o lançamento de colecções com obras a mais baixo custo, mas muitos dos potenciais compradores dessas obras, já as terão adquirido pelo que, mais uma vez será difícil que sejam bem sucedidas essas edições. Parece-me sobretudo que a grande aposta estará no leitor e não no livro, ou seja, criando mais leitores, talvez as edições, que poderiam em todo o caso ser menos exigentes em papel e grafismo, ficassem mais acessíveis como se verifica, por exemplo, nos países citados por Lobo Antunes. Esta batalha ganha-se na escola e na comunicação social. É certo que existe em actividade o Plano Nacional de Leitura que, parece, estará a dar alguns resultados, mas na comunicação social generalista o livro está praticamente ausente embora exista o sketch do conhecido entertainer político, conhecido por Professor, que ao Domingo à noite na RTP despeja livros em cima de uma secretária enquanto faz, dizem, comentário político. Insisto, é um problema de leitores não de livros, aliás, nunca se publicou tanto como agora.
http://atentainquietude.blogspot.com/

Sem comentários: