Protesto. Nova manifestação decorrerá no sábado
O Movimento de Mobilização e Unidade dos Professores (MUP) vai pedir ao Presidente da República (PR) que dissolva o Parlamento. Este repto é encarado como a única forma de derrotar as "políticas destrutivas do Governo e salvar o ensino em Portugal" e poderá ocorrer no sábado, na concentração em frente ao Palácio de Belém.
"Penso que o Presidente não só não fez nada, como o seu silêncio é demasiado tácito, corroborando todas as medidas do Governo", disse ao DN Ilídio Trindade, porta-voz do MUP, sublinhando que esta hipótese ainda não foi colocada aos outros movimentos independentes, nem tão pouco aos sindicatos. O que ainda faz com que o MUP pondere este pedido é o facto de essa eventual demissão do Governo poder, na opinião de Ilídio Trindade, ainda vir a beneficiar o próprio Executivo, alcançando uma maioria absoluta em eleições antecipadas.
"O problema é demasiado grave e não tem a ver apenas com os professores. O que está em causa é o ensino em Portugal e a Assembleia da República já foi dissolvida por menos", acrescenta o líder do MUP, afirmando que, entre professores, já circulam expressões do tipo: "vota à direita ou à esquerda, mas não votes PS".
Na opinião de Mário Machaqueiro, da Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino, neste momento "seria prematura a demissão, pois ainda há um caminho a percorrer para que a imagem do PS fique mais desgastada". No sábado, a APEDE espera que se juntem em Belém milhares de professores para contestar a avaliação mas também o Estatuto da Carreira Docente. A manifestação é organizada pelos movimentos independentes, como o MUP e a APEDE, e não conta com o apoio oficial dos sindicatos. "Mas esperemos que os sindicatos não abrandem agora a luta", sublinha Mário Machaqueiro.
Mário Nogueira, porta-voz da plataforma sindical, considera que "no plano político, o PR tem estado mais do lado do Governo do que dos professores", lembrando que Cavaco Silva nunca atendeu aos pedidos de audiência dos sindicatos.
Rescaldo da greve
Um dia depois da greve, movimentos independentes e sindicatos convergem na avaliação da situação: há mais professores unidos contra as políticas do Governo e escolas a preparem reuniões gerais para tomar decisões. "As escolas readquiriram parte da determinação que tinham perdido", diz Ilídio Trindade. Mário Machaqueiro acrescenta que este "ânimo" poderá levar à adesão a greves mais prolongadas se a posição do ME não mudar.
Apesar da leitura optimista, movimentos e plataforma reconhecem que o processo está a avançar nalgumas escolas e que há professores que, mesmo fazendo greve, estão a ser coniventes com o sistema, tendo já aulas assistidas e objectivos individuais entregues. "Se isso acontece ainda é mais grave. É sinal de que não o fazem de sua livre vontade e acordo mas porque são alvos de pressões e ameaças", afirma Mário Nogueira, porta-voz da Plataforma sindical.
O combate à avaliação entrou ontem numa nova fase, com o início da greve dos avaliadores ao processo de avaliação do desempenho.
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