Embora aquém das expectativas, os cerca de dois mil professores que se concentraram, ontem à tar-de, em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, aplaudiram o repto de "radicalizar a luta". E até já falam em greves prolongadas.
"Estamos num momento de tudo ou nada. A nossa luta tem sido longa e bastante desgastante. Mas não podemos ceder nesta hora. Tudo, o muito pouco que que conseguimos, tudo se pode perder. Resistiremos até ao fim". Ilídio Trindade, do Movimento de Mobilização e Unidade dos Professores (MUP) - um dos cinco movimentos independentes que promoveram a manifestação - deu o mote. E os oradores que se seguiram trataram de pôr preto no branco o desafio que lançam à plataforma sindical de professores: "endurecer as formas de luta", mesmo que isso implique fazer greves non-stop até que o Ministério da Educação recue.
"Chegou a hora de ir mais fundo, bater no osso e dizer 'Já chega'. É a nossa dignidade que está em causa", gritou Fátima Inácio Gomes, dando o seu exemplo: a situação criada pelo Governo nas escolas fê-la abdicar do cargo de coordenadora de departamento na Escola Secundária de Barcelos.
Mário Machaqueiro, da Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino (APEDE), defende que tem de ser equacionada "uma greve por tempo indeterminado" e desafiou os sindicatos a perceberem nas escolas o "feedback" desta proposta. "Está em jogo a possibilidade de acabar com esta política e com a divisão da carreira", disse, insistindo que "isso só se faz com formas de luta drásticas" e apelando aos docentes para "resistirem", recusando entregar os seus objectivos individuais nas escolas.
Os movimentos escolheram manifestar-se em frente ao Palácio de Belém por quererem chamar a atenção do presidente da República (PR), que acusam de estar a ter um "silêncio conivente com as políticas educativas do Governo". Queriam ser recebidos por Cavaco, mas apenas conseguiram entregar um documento com as suas queixas a um assessor do PR.
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