Hoje, resolvi dar resposta aos muiiiiiitos leitores que me têm escrito, colocando-me questões essenciais, cuja pertinência justifica a sua publicação e ampla divulgação em todas as salas de professores deste país (não pensem que vou dizer “à beira mar plantado”— sou avesso a clichés). Não divulgarei o nome dos leitores, pois, para além da indecência que isso seria, também não o poderia fazer — ainda que quisesse — uma vez que todas as cartas têm remetente anónimo. Vejam só!
LEITOR A- “Se eu não quiser ser avaliado pelo Simplex 2, corro o risco de contrair doenças graves como o cancro, a hepatite B, sida…”
DARDOMEU- De maneira nenhuma, amigo(a) leitor(a). Essas doenças não se contraem assim! O mesmo já não posso dizer da atitude inversa: pode provocar diarreia compulsiva, hemorroidite cerebral crónica e/ou estupidite profunda. Mas Deus concedeu-nos o direito ao livre arbítrio. Por isso…
LEITOR B- "Se quiser ter aulas assistidas, num contexto em que são raros os meus colegas que querem ser avaliados, tenho mais possibilidades de obter a menção de “Muito Bom” ou de “Excelente”?"
DARDOMEU- Matematicamente correcto, caro(a) colega. Diria mesmo mais: matematicamente correcto, segundo as leis das probabilidades. Contudo, tal atitude é, no meu entender e numa perspectiva moral, execrável, repugnante, réptil. É o equivalente a aproveitar-se de um funeral (ou algo semelhante) para assaltar a casa de um colega!
LEITOR C- "Devo sentir-me envergonhado(a) ou diminuído(a), por querer ser avaliado para mudar de escalão? É que estou mesmo a precisar de mais uns euritos para fazer face à crise global. Sei que há colegas que estão a dar o corpo ao manifesto, mas… eu não lhes encomendei o sermão!"
DARDOMEU- Caro(a) leitor(a), ser avaliado é uma prova da sua existência: “sou avaliado, logo existo”. Contudo, aconselho-o a fazer prova de vida, pois nem tudo o que existe está vivo. Basta ir a um cemitério para constatar empiricamente este fenómeno.
LEITOR D- "Na reunião geral de professores da minha escola, eu disse, alto e bom som, que não iria dar absolutamente nada para o peditório do Simplex 2 (até assinei e tudo). Depois, dormindo sobre o assunto — e eu sofro de roncopatia e apneia do sono — decidi que é melhor um pássaro na mão do que dois a voar. A verdade é que… mais tarde ou mais cedo… enfim, sabe como é… Acha que fiz bem?"
DARDOMEU- Quem sou eu para lhe responder a uma pergunta desse teor? Por amor de Deus… Por falar em Deus, lembrei-me das palavras que Marte dirigiu a Júpiter, no primeiro canto de “Os Lusíadas”, do nosso inigualável Luís Vaz de Camões:
«E tu, Padre de grande fortaleza,
Da determinação, que tens tomada,
Não tornes por detrás, pois é fraqueza
Desistir-se da cousa começada.»
GRANDE CAMÕES!!!
Luís Costa
http://www.profblog.org/
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