N medidas para melhorar a educação (work in progress)
(Proponho-me publicar este artigo numa primeira versão muito incompleta e ir-lhe fazendo modificações ou adendas, ao longo de vários dias, de acordo com a minha própria reflexão e (espero) em função dos comentários que vão sendo feitos. Quem me ajuda? Todas as críticas serão bem-vindas.)
1. Abolir ou reduzir drasticamente o Ministério da Educação:
Pela sua própria existência, o Ministério segrega burocracia como o fígado segrega bílis. Ao multiplicar-se em dependências centrais e regionais, comporta-se como um tumor que produz metástases e acaba por matar o organismo hospedeiro. Pelo simples factto de existir, dá origem à ideia falsa e perniciosa que o Estado ensina os alunos, sendo os professores simples agentes desta actividade (agentes de ensino, como se diz em «eduquês»). Ora os professores não são agentes, são autores: privados da autoridade que lhes é própria, não podem ensinar. Acresce que a enorme burocracia do Ministério e das suas dependências absorve recursos financeiros que fazem falta nas salas de aula.
2. Revogar a Pedagogia de Estado actualmente em vigor:
Há várias doutrinas pedagógicas, umas mais autorizadas que outras. Nenhuma delas está cabalmente validada por qualquer critério científico, de onde resulta que as Escolas e os Professores só podem chegar por tentativa e erro à práticas que melhor convêm aos Alunos, aos Pais e à República. Ninguém, além dos Professores (individualmente ou, de preferência, organizados em instâncias validadoras), tem autoridade para isto. O Estado não a tem, certamente: o sufrágio popular confere aos eleitos legitimidade democrática, mas não lhes confere autoridade científica. Por consequência, a existência duma Pedagogia de Estado é uma usurpação de autoridade.
3. Reformular drasticamente os currículos:
O Currículo Nacional deve contemplar apenas os conhecimentos estruturantes e contextualizantes (a Língua Materna, a Matemática, uma ou várias Línguas Estrangeiras, a História, a Geografia, as Ciências Naturais, a Filosofia, a Gramática, o Pensamento Crítico, a Literatura, a Música, as Artes, a Geografia e o Desporto). As disciplinas «qualificantes» de banda estreita (a Informática, por exemplo: nada nos garante que daqui a vinte anos ainda haja aquilo a que hoje chamamos computadores; mas o que haverá com certeza é a necessidade de pensar racionalmente) devem ser adoptadas escola a escola, conforme as necessidades locais e a vocação do próprio estabelecimento. Em caso de conflito, prevalecem os conhecimentos contextualizantes: a frequência da Escola não pode ter o horário dum emprego em full-time. Sobrecarregar os alunos, tirar-lhes todo o tempo livre, privá-los da sua infância, da sua adolescência, das suas brincadeiras e das suas formas espontâneas de socialização, tudo isto para que os pais possam ser tratados como escravos nos empregos, é um crime duplamente hediondo.
4. Permitir a recuperação de técnicas de ensino tradicionais lado a lado com a inovação:
O que interessa não é se uma técnica é tradicional ou moderna, o que interessa é se funciona ou não. Se os ditados, as cópias, as traduções e retroversões, a memorização de factos, a recitação de cor de poemas funcionarem para determinados alunos ou para determinados professores, não há razão nenhuma para que não sejam utilizados. Quem sabe é quem está no terreno.
5. Encarar as tecnologias como um meio e não como um fim:
O teorema de Pitágoras tanto se ensina e aprende riscando o chão com um pau como fazendo uma apresentação em Powerpoint; e o facto de um canibal comer de faca e garfo não constitui progresso.
6. Não perder de vista as condições materiais:
As escolas têm de estar sempre limpas e em bom estado de conservação, e têm que ser aquecidas no Inverno: deve-se poder andar lá descalço. Não basta comprar equipamentos, é preciso (embora renda menos votos) fazer a sua manutenção.
7. Assegurar a paz e o civismo:
A segurança de alunos e professores prevalece sobre a escola inclusiva: doutro modo, na ânsia de incluír os piores, acabamos por expulsar os melhores. Em caso algum se pode aceitar que um aluno tenha medo de ir à escola.
8. Responsabilizar e autorizar os professores:
Responsabilidade sem autoridade não funciona.
9. Responsabilizar os alunos:
O esforço do professor não chega. Não há aprendizagem sem esforço: esse esforço deve ser exigido aos alunos, sujeitando-se quem não o faça a penalizações efectivas. O aluno que, por actos de indisciplina, boicote o esforço de aprendizagem dos seus colegas deve ser severamente punido, uma vez que os está a lesar num direito fundamental. O delinquente tem direito a ser apoiado, mas o apoio vem depois: primeiro, a punição.
10. Responsabilizar os pais:
Pela mesma razão que não se pode dar aos professores responsabilidade sem autoridade, também não se pode dar aos pais autoridade sem responsabilidade. Compete aos pais educar os filhos para a Escola. O trabalho não é desculpa: há valores mais altos que o trabalho, e um deles é a educação dos filhos. Outro, é o dever moral que cada um de nós tem de não se deixar escravizar. Quando um aluno falta ou é indisciplinado, os pais devem sofrer consequências que poderão ir, conforme a gravidade dos casos, de coimas ligeiras até penas de prisão, como se faz em toda a Europa.
(Sujeito a modificações futuras)
http://legoergosum.blogspot.com/
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