sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Opinião de um encarregado de educação

O semanário Expresso de 22 de Novembro do ano passado, escolheu na rúbrica A carta da semana a Opinião de um encarregado de educação. Alberto Diamantino Costa, o encarregado de educação, de Seia, dizia o seguinte (página 38):

"Já que muitos jornalistas e comentadores defendem e compreendem o modelo proposto para a avaliação dos docentes, estranho que, por analogia, não o apliquem a outras profissões (médicos, enfermeiros, juízes, etc.).
Se é suposto compreenderem o que está em causa e as virtudes deste modelo, vamos imaginar a sua aplicação a uma outra profissão, os médicos.
A carreira seria dividida em duas: médico titular (a que apenas um terço dos profissionais podia aspirar) e médico.
A avaliação seria feito pelos seus pares e pelo director de serviços. Assim, o médico titular teria de assistir a três sessões de consultas, por ano, dos seus subordinados, verificar o diagnóstico, tratamento e prescrição de todos os pacientes observados.
Avaliaria também um portefólio com o registo de todos os doentes a cargo do médico a avaliar, com todos os planos de acção, tratamentos e respectiva análise relativa aos pacientes.
O médico teria de estabelecer, anualmente os seus objectivos: doentes a tratar, a curar, etc.
A morte de qualquer paciente, ainda que por razões alheias à acção médica, seria penalizadora para o clínico, bem como todos os casos de insucesso na cura, ainda que grande parte dos doentes sofresse de doença incurável, ou terminal. Seriam avaliados da mesma forma todos os clínicos, quer a sua especialidade fosse oncologia, nefrologia ou cirurgia estética…
Poder-se-ia estabelecer a analogia completa, mas penso que os nossos ‘especialistas’ na área da educação não terão dificuldade em levar o exercício até ao fim.
A questão é saber se consideram aceitável o modelo? Caso a resposta seja afirmativa, então porque não aplicar o mesmo, tão virtuoso, a todas as profissões? Será? Já agora… Poderiam começar a ‘experiência’ pela Assembleia da República e pelos (des)governantes…"

Acertou o autor da Carta; antecipou-se à divulgação pública do Ministério da Saúde, mas acertou: foi realmente noticiada nos últimos dias, a (nova) proposta avaliação do desempenho dos médicos, a qual deve obedecer ao Sistema Integrado de Avaliação do Desempenho da Administração Pública e, nessa medida, será muito parecida à avaliação do desempenho dos professores. Implicará o estabelecimento de objectivos individuais, a sua confrontação com os resultados obtidos, o uso de grelhas, etc.

Só me parece que Alberto Diamantino Costa se enganou numa coisa: não estou a ver este Sistema aplicado aos governantes. A outras profissões, sim, como refere; mas não à de ministro, secretário de estado...
http://dererummundi.blogspot.com/

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