Em Paris, há cerca de 90 anos, um grupo de pessoas amigas e admiradoras do genial pintor Modigliani arranjou um local de exposição dos seus quadros no intuito de conseguir maior notoriedade e proventos para o pintor, que vivia em precária situação financeira.
Entre os quadros expostos talvez predominassem alguns dos seus muitos quadros de nus femininos e, um deles estava na montra do local de exposição.
Os mirones, que por ali passavam, embora atraidos pelo conteúdo da montra, não estavam inclinados a comprar os seus quadros, para azar do pintor. A novidade espalhou-se e começou a registar-se um movimento algo desusado de apreciadores, não de arte mas, de mulheres nuas. Até aqui, nada mereceria estas linhas.
Acontece que na mesma rua, havia uma esquadra da polícia e o chefe, alertado ou não por algum transeunte mais marcado pelo puritanismo, avançou e mandou encerrar a exposição.
Os organizadores, espantados com a decisão, protestaram e informaram o cabo de esquadra de que pela cidade havia muitos locais com telas evidenciando nus femininos.
O arguto e bem informado polícia teve uma resposta inapelável. É que nos quadros de Modigliani, as mulheres nuas ostentavam os pelos do pubis!
E assim acabou aquela exposição do infeliz Modigliani.
Em Portugal, Torres Vedras, 2009, alguém terá sentido que a moralidade pública ficaria prejudicada com um cartaz expondo, no écran de um magalhães umas pequenas imagens de raparigas semi-nuas. E queixou-se às autoridades dessa exposição “obviamente” pornográfica.
Os cartazes foram proibidos, não sabendo nós se havia ou não exposição de pelos do pubis. A evolução registada entre Paris, há 90 anos e o Portugal de hoje, é que um cabo de esquadra foi aqui substituido por um magistrado do Ministério Público.
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