Se pudesse, este fim-de-semana passava-o fora do país. Vai ser um fim-de-semana difícil de aguentar. Vai custar a passar. Ainda é sexta-feira e já só penso na bendita segunda-feira.
Como não posso sair de cá, hesito no que fazer hoje, a partir das 19 horas, e durante os próximos dois dias: fecho-me ao mundo, não ligo a rádio nem a tv, não compro jornais nem revistas, não vou à net, não falo com ninguém, não atendo o telefone, não vou ao café, não saio à rua ou, à forcado, enfio o barrete, ponho as mãos na cintura, olho para o touro, chamo-lhe touro, volto a chamar-lhe touro e outra vez touro até ele se sentir insultado e fico à espera, de braços abertos, que a besta invista sobre mim e se dê o encontro fatal, em que eu lhe salto para o focinho, agarro-lhe o pescoço, enquanto ela marra, marra e marra?
Não sei o que fazer. Mas confesso o quão tentador é saltar-lhe, com vontade, para as fuças, apertar-lhe, com determinação, o pescoço e não mais largar até a besta parar de marrar.
É tentador, é deveras tentador. Contudo, e apesar de não me esquecer do conselho de Oscar Wilde - que dizia que devemos resistir a tudo, excepto a uma boa tentação - acho que, desta vez, resisto mesmo e não lhe salto para o focinho nem lhe aperto o pescoço, vou ficar por casa.
Prefiro não saber deles. Vou ignorá-los. Tranco-me no lar doce lar, fecho as portadas, desligo-me do mundo e segunda-feira renasço. O tempo é de crise e a tourada ainda fica a uns quilómetros. Não estou para ir pegar touros a Espinho...
http://www.oestadodaeducacao.blogspot.com/
Sem comentários:
Enviar um comentário