terça-feira, fevereiro 03, 2009

Seis razões que me levam a não apresentar objectivos individuais (OI)….

…pela memória, pelo futuro, pela dignidade!


1 – Tenho direito a que o meu trabalho dos dois últimos anos seja avaliado de uma forma justa, rigorosa e séria. Trabalhei de forma honesta, empenhada, correcta e cumprindo sempre os meus deveres profissionais. Aquilo que fiz na escola não pode, agora, ser objecto de uma brincadeira de “faz de conta que era uma vez uma avaliação”. Recuso-me, em nome do profissionalismo, a pactuar com este simulacro de avaliação que apenas serve para ganhar votos da opinião pública. Dediquei parte da minha vida à escola pelo que, sendo coerente, só posso indignar-me por tudo o que se está a passar.

2 – Quero continuar a ensinar os meus alunos, a prepará-los como cidadãos responsáveis e íntegros. São eles que estão em primeiro lugar, a sua formação, o seu desenvolvimento pessoal. É nisso que continuarei a empenhar-me e não a construir “umas fichas” para enfeitar as estatísticas do Ministério da Educação. Tenho o direito à valorização profissional, a continuar a preparar as aulas, a envolver-me em projectos…

3 – Quero continuar a entrar na escola de cabeça levantada, a ensinar o que são valores e a importância dos princípios na acção humana. Quero continuar a falar de solidariedade, de justiça e de dignidade como princípios basilares da nossa cultura e que devem ser preservados. Quero continuar a falar de respeito sem que isso soe a palavra falsa. Que os meus alunos saibam que quando falo de respeito, estou a falar a sério! E que a cidadania é uma prática e não uma palavra para enfeitar programas escolares!

4 – Não me vendo por uma ameaça de dois anos sem progressão na carreira (o que é isso para quem esteve congelado tanto tempo?), nem por uma promessa de um 4º escalão.

5 – Não esqueço as injustiças do concurso dos titulares que, em muitos casos, deixou de fora os melhores professores das escolas. E que fez com que a sorte favorecesse outros…Também não esqueço tudo o que os responsáveis do Ministério da Educação têm afirmado, publicamente, sobre os professores.

6 – Não esqueço o que os meus pais me ensinaram: a honra, a honestidade e a coragem são importantes! Devemos cumprir o nosso dever! Não esqueço que tenho uma filha à qual gostaria de dar lições de vida – a dignidade não tem preço.



Maria do Céu Pires,
Professora Titular, Escola Secundária Rainha Santa Isabel - Estremoz

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