sexta-feira, março 06, 2009

A inevitável auto-coroação de uma estranha democracia




Olhando para aquilo que podem vir a ser as próximas eleições legislativas pode-se facilmente chegar à conclusão que actualmente só há um candidato a Primeiro-ministro, o dito Engenheiro Sócrates. A única questão que se coloca é a de saber se vai ter ou não maioria absoluta, sendo que todos os outros candidatos jogam só para perder por pouco e para discutir prémios menores tipo maior partido da oposição, ou de maior partido da esquerda. Só um facto destes já nos devia fazer pensar no estado da nossa democracia, mas quando para além disso vemos que, mesmo que os Socretinos não ganhassem e o povo deste país decidisse que queria mudar de rumo e votasse, por exemplo, no PCP, este partido estaria condicionado naquilo que poderia fazer. Vivemos numa Europa neo-liberal e capitalista e o PCP nunca poderia aplicar nem o seu programa nem a sua ideologia comunista. Poderia mudar um pormenor aqui, outro ali, mas a base da governação continuaria a ser ditada pela União Europeia, pelos G20’s e G8’s, pelos Bilderbergs e Iluminatis deste mundo. Olhando para isto, podemos perguntar se vivemos realmente numa democracia, em que cabe ao povo escolher o modelo de governação e de economia que deseja, ou numa ditadura Europeia, governados por gente que não elegemos e que nos impõe as suas politicas. A resposta parece evidenciar que vivemos na contradição de uma ditadura democrática que, por um lado nos permite o voto e a escolha, mas por outro torna essa escolha irrelevante perante um destino que nos é imposto de uma forma não democrática. (Se não é uma democracia é uma ditadura). Mais uma vez olhando para os partidos da esquerda poderíamos pensar que isto os preocupasse e nos dissessem que, ganhando as eleições, ou a Europa mudava ou teríamos de abandona-la. Só isso faria sentido, mas num mundo em que estamos cada vez mais habituados a ligar a televisão para ouvirmos as “sumidades” dizer-nos o que devemos pensar, sem termos o trabalho de realmente pensar nas coisas, a ideia de democracia esbate-se e acabamos a viver a ditadura do controlo mediático. Não nos controlam o corpo com porrada como faziam as policias politicas, mas controlam-nos as mentes e os pensamentos. Por isso o Engenheiro já ganhou, a Europa vai continuar a mandar neste “jardim” e nós veremos os nossos direitos a desaparecerem tornando o nosso futuro cada vez mais difícil e cada vez mais precário.
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