quinta-feira, março 12, 2009

País ficou mais pobre no final do ano passado

Riqueza criada foi diminuindo ao longo de 2008 e nos últimos meses acabou mesmo por ser negativa

A sucessão de falências e despedimentos e as queixas dos em-presários já faziam antever que a economia estava em tons negros. Esta quarta-feira, o INE confirmou que no final de 2008 Portugal era um país mais pobre.

Os primeiros três meses do ano passado começaram já com uma quebra para menos metade do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a riqueza criada pelo país). Mas, ainda assim, havia algum crescimento, cada vez mais pequeno com a passagem do tempo (0,6% no segundo trimestre e 0,4% no terceiro). Chegada ao último quarto do ano, contudo, a economia entrou em colapso e, em vez de crescer, contraiu-se em 1,8%, ou seja, ficou mais pobre do que na mesma altura de 2007.

A quebra foi suficiente para anular o (fraco) crescimento dos restantes meses e Portugal terminou 2008 com a economia estagnada - as estatísticas preliminares do INE indicam que, no final de 2008, o país não estava nem mais rico nem mais pobre do que em 2007. O crescimento foi zero.

Tudo pareceu contribuir para a crise. A maioria dos países clientes de Portugal estava também a braços com problemas económicos e cortou nos negócios com as empresas nacionais. Se as exportações tinham disparado 8,7% em 2006, e 7,5% em 2007, no ano passado não cresceram de todo. Pelo contrário, caíram 0,5%. Se, naqueles dois anos, foram fundamentais para que Portugal tivesse ficado um pouco mais rico, em 2008 contribuíram para o empobrecer.

A ajudar a economia estiveram as importações, que continuaram positivas, mas crescendo muito menos do que em anos anteriores. O abrandamento deve-se ao facto de os portugueses estarem também a consumir menos - as famílias e as empresas.

Primeiro as famílias. Depois de anos a consumir cada vez mais, em 2008 foram mais comedidas, sobretudo nos últimos meses, quando a crise se intensificou e os bancos cortaram no crédito. Ainda assim, consumiram mais em 2008 do que no ano anterior.

O contrário aconteceu ao investimento das empresas, que sofreu uma "intensa diminuição", diz o INE. Sobretudo por causa da crise na construção, o investimento mergulhou no final do ano passado, contribuindo decisivamente para afundar a economia.

Se alguma actividade ajudou a segurar a economia foi a agricultura, cujo "bom desempenho" contribuiu positivamente para o PIB, diz o INE. Já a construção deu um "forte contributo negativo", tal como a indústria, que viu fechadas, de repente, as portas de clientes estrangeiros.

Comentário: A sério? E eu que não tinha reparado!...

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