quinta-feira, março 05, 2009

Quem paga a crise

O envelhecimento da população portuguesa foi o argumento utilizado pelo actual Governo para aumentar a idade da reforma para 65 anos. Em causa estavam, diziam, a sustentabilidade e sanidade financeiras de todo o sistema. Depois disso, soubemos que o mesmo Governo teve a irresponsabilidade de jogar em bolsa o dinheiro das pensões de reforma dos portugueses. Resultado: um rombo de 300 milhões de euros. Um valor que, caso não tivesse sido torrado ao jogo, poderia pagar muitíssimas reformas durante vários anos ou, se quiserem, poderia possibilitar a antecipação de muitíssimas reformas para o limite de idade do anterior sistema, com a correspondente libertação de postos de trabalho. Depois chegou a crise e, com ela, uma algazarra de soluções que culminou num consenso entre PS, PSD e CDS-PP que incluiu a redução da taxa social única paga pelas empresas. Novo rombo. E hoje, sem grande surpresa, ficamos a saber que a OCDE prevê que em 2030 Portugal terá as pensões de reforma mais baixas de toda a Europa (54,4% do último salário). Será preciso trabalhar ainda mais anos para receber ainda menos. Porquê? Porque em vez de diminuir impostos, porque o défice continua a prioridade da governação, a crise está a ser financiada com o dinheiro das nossas reformas. Em velhos, vamos lembrar-nos dos partidos de quem se dizia serem os “responsáveis”. Em novos, trataram de embaratecer-nos os salários. Sem se descuidarem em assegurar-nos uma pensão de reforma a condizer.
http://opaisdoburro.blogspot.com/

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