domingo, março 15, 2009

Três reacções a um texto do Paulo Guinote metido no seu umbigo

Apresentam-se três reacções a um texto do Paulo Guinote a propósito do Encontro Nacional dos Professores em Luta que ocorreu ontem em Leiria

Gato Preto Says:

Março 15, 2009 at 1:13 am
Participei no Encontro de Leiria, tendo sido, mesmo, um dos responsáveis pela logística.
Infelizmente, a comunicação social acabou por dar destaque a uma proposta que é perfeitamente lateral às decisões finais do conclave: o crachá anti-PS.
Assim, e com a devida vénia, coloco aqui as principais conclusões do Encontro, retiradas do blogue do Ramiro Marques (as partes em CAPS foram acrescentadas por mim):
1. Entregar o relatório crítico no final do ciclo de avaliação EM LUGAR DA FICHA DE AUTOAVALIAÇÃO. Assumir a relevância da avaliação de desempenho mas manter a recusa do actual modelo.
2. Convocar o Fórum Nacional “Compromisso Educação” que visa celebrar um pacto assinado, conjuntamente, por partidos políticos, sindicatos e movimentos de professores.
3. Manter em aberto a opção de recorrer aos tribunais administrativos com contratação de equipa de advogados de direito administrativo para agir judicialmente contra as ilegalidades.
4. Pedir audiências ao Parlamento Europeu e à Unesco.
5. Promover manifestações de rua no 3º trimestre: vigílias/concentrações por tempo indeterminado. Vigílias em todos os distritos para explicar à opinião pública o absurdo das medidas e as situações aberrantes vividas nas escolas. As vigílias devem ter, também, como objectivo apelar ao Povo que não vote PS.
6. Manifestar reconhecimento e apoio aos PCEs que se têm colocado ao lado dos professores na recusa do actual modelo de avaliação de desempenho.
7. Apelar aos professores, forçados a avaliar os colegas, que prossigam a denúncia pública das aberrações burocráticas, científicas e pedagógicas ocorridas nos diferentes níveis de ensino e agrupamentos.
8. Realizar, no mês de Maio, uma manifestação nacional, promovida pelos sindicatos de professores, mas alargada aos pais, administração pública e população descontente com o Governo.
9. Apelar aos sindicatos que promovam reuniões, em todas as escolas, para esclarecimento dos professores sobre as medidas que o Governo quer implementar no futuro próximo. Nessas reuniões, devem ser discutidas as propostas de luta.
10. A estratégia da greve às avaliações não foi bem acolhida por causa dos efeitos perversos que uma greve dessa natureza pode gerar. FOI PEDIDO AOS SINDICATOS QUE COLOQUEM VÁRIAS HIPÓTESES DE LUTA: GREVE ÀS AVALIAÇÕES, GREVES SECTORIAIS/DEPARTAMENTAIS OU GREVE DE 3 DIAS, EVENTUALMENTE ALARGADA A TODA A F. PÚBLICA.
11. Pedir a todos os professores que enviem estas propostas para os endereços electrónicos dos vereadores de educação, presidentes da junta, jornais regionais, rádios locais e associações de pais.

Mário Machaqueiro Says:

Março 15, 2009 at 2:08 am
Paulo,

Enviei-te um texto com a síntese de algumas das conclusões do Encontro antes de ter lido este teu “post” que acho absolutamente lamentável. Tomas como reflexo fiel do que se passou em Leiria a forma redutora como a comunicação social, sempre interessada em destacar os aspectos mais simplistas, se referiu aos resultados do Encontro. O colega do #40 faz uma síntese, ainda mais completa do que o texto que te enviei, do que lá se passou e que está muito longe de se reduzir à história do crachá, que deve ter ocupado cinco minutos de uma iniciativa que durou quatro horas. Vais-me desculpar, mas começa a ser irritante essa tua postura altaneira com que encaras o trabalho dos movimentos de professores, incapaz de reconheceres o contributo que, certamente com erros de percurso, eles têm dado para o desencadear de muita da resistência que tem sido desenvolvida fora e dentro das escolas. Será que não percebeste que, se não fossem os movimentos de professores, os sindicatos não se teriam mexido como se mexeram ao longo deste ano lectivo? E não estou com isto a pôr-me em bicos de pés. Estou simplesmente a constatar uma evidência, que só não é reconhecida por quem estiver de má-fé ou atacado por uma enorme desonestidade intelectual. E não te caíam os parentes na lama se reconhecesses esse facto.
Quando afirmas que provavelmente te irão criticar por não teres estado presente e mesmo assim teceres considerações pejorativas, dir-te-ei o seguinte: de facto, a tua autoridade fica diminuída, pois é muito mais cómodo mandar bocas num teclado de computador do que meter as mãos na massa, com todos os condicionalismos que isso implica: ter de dialogar com os outros, ter de construir pontes, ter de fazer cedências - tudo o que implica fazer coisas com outras pessoas, que é aquilo que tu sistematicamente evitas, escudado no desprezo com que encaras a plebe. Deixa-me que te diga que é uma atitude triste. E digo-o com toda a autoridade de quem te convidou variadas vezes a participar em iniciativas nossas, a integrar grupos de trabalho onde certamente poderias contribuir para que as nossas propostas não fossem, como dizes, meramente «reactivas» (o que, de resto, não é verdade). De todas essas vezes, a tua resposta foi sempre negativa. Nunca percebi porquê, mas o defeito deve ser meu.
Termino este comentário, que preferia não ter de escrever, dizendo-te que, ao contrário do modo como vês os movimentos, eu reconheço o enorme mérito do trabalho que tens feito e o contributo inestimável que dás à resistência desenvolvida pelos professores. Também te direi que isso não chega, e que o gozo proporcionado pelo espaço virtual da blogosfera sabe a pouco se não for traduzido no espaço real, aquele onde fazer coisas dói muito mais.
Que queres que te diga? Apesar da estima pessoal que tenho por ti e do reconhecimento pelo teu esforço, considero este teu “post” injusto e desleal, e fico mesmo sem vontade de te enviar mais textos sobre as nossas iniciativas. Não será com certeza por isso que perderás os teus muitos milhares ou milhões de leitores. Que faças bom proveito deles é o que eu te desejo.

Francisco Trindade Says:

Março 15, 2009 at 10:44 am
Paulo Guinote,

a única grande verdade que está presente no teu texto é esta:

“…não estive presente e se acho isto deveria ter ido lá apresentar as minhas ideias.”

Está tudo dito!
Post nº 40 e nº 62 dizem o resto!
Francisco Trindade

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