O continente negro só possui 3% da saúde do mundo [1], quando a sua população representa, por si só, 25% da taxa de morbilidade mundial [2]. Esta grave crise é o resultado de anos de negligência e de sub-investimento por dos governos africanos e da “comunidade internacional”, bem como dos constrangimentos orçamentais e fiscais draconianos impostos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Tanto o sector da saúde como o da educação são os primeiros a sofrer com estas restrições.
As despesas em saúde e em recursos humanos têm sido subfinanciadas pelos governos e pelos investidores de fundos internacionais. Apenas treze dos cinquenta e cinco países do continente despendem mais de 30 dólares por pessoa anualmente, enquanto um mínimo de 34 dólares é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) [3]. Além disso, a “comunidade internacional” nunca investiu os 22 mil milhões de dólares que, segundo a OMS, permitiriam alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas.
[1] Lugina Helen Igobeko, “What policy changes in both Africa and the West can address the current challenges perspectives from Africa”, apresentação na conferência “Mobilising the African diaspora health care professionals and resources for capacity building in Africa”, Londres, 22 de Março de 2006.
[2] A taxa de morbilidade indica o número de pessoas atingidas por uma doença relativamente a uma unidade de população. Geralmente expressa-se no número de pessoas atingidas em 10.000 ou 100.000.
[3] Save the Children, “An unnecessary evil? User fees for healthcare in low-income countries”, Londres, 2005.
http://infoalternativa.org/spip.php?article744
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