Num comunicado lacónico à imprensa, a Microsoft anunciou ontem uma inversão radical de estratégia e intervenção no mercado de software. Não só o código do sistema operativo Windows, usado em cerca de 90% dos computadores, passará a ser aberto, como também o popular Office, que integra o Word, o processador de texto mais usado no mundo, ficará acessível a quem quiser estudá-lo ou modificá-lo a partir do próximo mês de Junho.Esta medida deixou perplexa a comunidade Open Source, cujo rosto mais visível é o popular navegador Firefox, os sistemas operativos Linux e o Open Office. Numa reacção comedida, o CEO da Mozilla Foundation, responsável pelo Firefox, declarou tratar-se de "um momento histórico e uma vitória para os princípios da arquitectura aberta e do software gratuito".No comunicado da Microsoft lê-se que "os produtos da Microsoft poderão agora ser usados por todas as pessoas que os quiserem usar, sem pagar, e poderão ser livremente modificados pelos programadores." O que o comunicado refere de passagem, contudo, é o que mais tem dado que falar nas bolsas de valores: o despedimento de quase 80 mil trabalhadores da Microsoft em todo o mundo. As projecções financeiras permitem concluir que os accionistas e dirigentes passarão a ganhar bastantes mais dividendos do que agora, precisamente porque a empresa passará a contar apenas com cerca de 10 mil trabalhadores. É que, como acontece com produtos como o Firefox ou o Open Office, só um reduzidíssimo número de programadores da Microsoft passará a ser pago; os restantes trabalharão voluntária e gratuitamente.No final do comunicado, a Microsoft refere que "muitos utilizadores de PC preferem um sistema operativo aberto e gratuito, e a Microsoft está atenta às suas necessidades." Esta declaração tem sido interpretada pelo mercado de software como um ataque directo ao Linux, Open Office e outros produtos gratuitos de Open Source, pois pensa-se que a motivação que a generalidade das pessoas tem para usar estas alternativas é precisamente o facto de serem gratuitas e de código aberto. Com esta medida, é previsível que a Microsoft terá uma percentagem bastante maior de mercado do que actualmente, apesar de com isso ganhar menos dinheiro. A reacção mais alarmista veio da parte da Apple e do Opera, que declararam ser preocupante esta notícia, apesar de bem-vinda, pois significa que competir com a Microsoft é agora mais difícil precisamente porque os seus produtos passam a ser gratuitos.
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