terça-feira, abril 28, 2009

O desemprego em 2009 poderá atingir 688 mil (12,3%) se não forem tomadas medidas para inverter o ritmo de crescimento do 1º trimestre

- Riqueza perdida devido ao desemprego deverá atingir €17.590 milhões (10% do PIB)

O Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) acabou de divulgar o número dos desempregados que se encontram inscritos nos Centros de Emprego. De acordo esses dados, o número de desempregados inscritos atingia, em Março de 2009, 484.131, tendo aumentado, entre Dezembro de 2008 e Março de 2009, 68.131, o que significa um aumento médio mensal de 22.709 desempregados. Se este ritmo de aumento mensal se mantiver, no fim de 2009, existirão inscritos nos Centros de Emprego mais 272.504 que, somados aos 416.005 que existiam em 1.1.2009, totalizarão 688.509. Este total de desempregados inscritos nos Centros de Emprego no fim de Dezembro de 2009, corresponderá a uma taxa de desemprego de 12,3%. É evidente que se não forem tomadas novas medidas (porque as tomadas são insuficientes) para inverter o ritmo do crescimento do desemprego verificada no 1º Trimestre de 2009, a taxa de desemprego de 12,3% poderá ser uma dramática realidade. Esta taxa nunca foi alcançada em Portugal depois do 25 de Abril. Em 1974 e 1975, anos de grandes transformação revolucionárias, as taxas de desemprego foram, segundo o Banco de Portugal (ver séries longas), de 2,1% em 1974, e de 4% em 1975. Mesmo aquele número – 484.131 – não corresponde à totalidade dos desempregados existentes no País. Ele apenas inclui os desempregados que se encontram inscritos nos Centros de Emprego. Todos os trabalhadores desempregados que não se inscreveram ou que foram eliminados dos ficheiros dos Centros de Emprego pelo IEFP, embora estejam desempregados, e são muitos, não estão incluídos no desemprego registado. Por exemplo, só no 1º Trimestre de 2009, o IEFP eliminou dos seus ficheiros 115.952 desempregados que estavam neles inscritos, e o presidente do IEFP continua a recusar a explicar as razões porque tal é feito. Durante o debate do Orçamento do Estado para 2009 na Assembleia da República, em que participamos, colocamos esta questão directamente ao ministro do Trabalho e Solidariedade Social que, como se vai tornando habitual, irritou-se, perdeu a compostura, e não esclareceu O desemprego, para além de provocar imenso sofrimento e imensas privações a centenas de milhares de famílias portuguesas, também determina a perda de imensa riqueza, que deixa de ser produzida. Em 2009, segundo o FMI, o número de desempregados em Portugal deverá atingir os 538,9 mil. Utilizando mesmo este número, e não os 688 mil referidos anteriormente, mesmo assim conclui-se que se aqueles 538,9 mil tivessem trabalho (um emprego) produziriam riqueza avaliada em cerca de 17.590 milhões de euros, que corresponde a 10,4% do PIB português. Por outro lado, se esses trabalhadores estivessem a trabalhar, e não no desemprego, receberiam 6.965,7 milhões de euros de remunerações, o que contribuiria para animar a actividade económica, combatendo assim a crise, e determinaria também que a Segurança Social recebesse mais 2.420,6 milhões de euros de contribuições pagas pelos trabalhadores e pelas empresas. O Estado receberia 3.518 milhões de impostos, nomeadamente de IVA, IRC e IRS, e a Segurança Social já não teria uma despesa de cerca de 2.000 milhões de euros com o pagamento de subsídios de desemprego. Não resta dúvida que o elevado desemprego que se prevê para 2009 em Portugal, representa também um elevado prejuízo para o País, para os trabalhadores, para o Estado e para a Segurança Social. O elevado desemprego prova que a politica seguida nos últimos anos baseada na obsessão do défice acabou por fragilizar ainda mais a economia e a sociedade portuguesa deixando-a menos preparada para enfrentar crises como a actual. Com o descalabro que se tem verificado nas receitas fiscais (até Março de 2009, o Estado arrecadou menos 992 milhões de euros do que em idêntico período de 2008) e com o aumento de despesa pública determinada pela necessidade de combater a crise, o défice orçamental, em 2009, vai disparar para mais de 6%, o que mostra que os sacrifícios impostos por este governo aos portugueses foram inúteis. O elevado desemprego existente mostra também que as medidas tomadas pelo governo para combater a crise, têm tido efeitos reduzidos, sendo por isso insuficientes, e que é urgente tomar outras medidas que sejam mais eficazes, fundamentalmente aumentando de uma forma significativa o investimento público (Estado e Autarquias) com efeitos imediatos, e não em mega projectos (TGV, novo aeroporto , nova ponte sobre o Tejo, etc) que, para além de irem gerar pesados encargos aos contribuintes no futuro, têm reduzidos efeitos a curto prazo, por um lado, e, por outro lado, alargando o apoio aos desempregados, para impedir que eles caiam na miséria (o que exige alterações na lei do subsidio de desemprego aprovada por este governo). O 25 de Abril não se coaduna com tanto desemprego e com a miséria e o medo que gera. Não foi para isso que se fez o 25 de Abril.

http://resistir.info/e_rosa/desemprego_abr09.html

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