sexta-feira, abril 24, 2009

TGV, a Salvação da Pátria!


Alguém com os pés minimamente assentes na terra poderá acreditar que a grande via de combate à crise reside na construção de uma linha de TGV com um custo de perto de nove mil milhões de euros, não contando com as derrapagens orçamentais do costume? Eu até gosto de comboios. É uma coisa que vem de infância. Confesso que um TGV novinho em folha a dardejar pelos campos deste nosso Portugal até poderia fazer-me acreditar, por breves momentos que fossem, que estaríamos num país desenvolvido. Mas acorde quem ainda está embriagado com o brilho da tecnologia! Nós não precisamos do TGV. É óbvio que ter infra-estruturas modernas e funcionais é necessário e a opção ferroviária é boa. No entanto, existem alternativas de modernização da linha Lisboa-Porto (como por exemplo o alfa-pendular) que encurtariam o tempo de viagem por uma fracção do custo do TGV.

A pressa em lançar este investimento faraónico pode ter várias explicações. Na melhor das hipóteses, uma convicção provinciana nas virtudes sociais do investimento, com a criação de postos de trabalho (pelo menos enquanto a obra durar). Na pior, poderá tratar-se pura e simplesmente de assegurar que os contratos chorudos para as empreitadas de construção ficam nos “boys” certos antes da possibilidade de um resultado desfavorável nas próximas eleições legislativas deitar tudo a perder.

No mínimo, uma decisão deste peso económico, deveria ser adiada para depois das eleições como fez notar e bem Paulo Rangel. Os partidos esclareceriam nos seus programas eleitorais as suas opções face a esta questão e os portugueses avalizariam ou não a decisão nas urnas.

O investimento gigantesco no TGV, além de pagar uma opção mais económica como o Alfa pendular, ainda sobraria para pagar numerosas pequenas empreitadas na área da requalificação urbana, escolas, centros de saúde e outras infra-estruturas de que estamos realmente carenciados.

Sobre a visão muito própria do primeiro ministro sobre este assunto, o comentário do Miguel Gaspar, no Público.

http://protestografico.wordpress.com/

Sem comentários: