terça-feira, maio 19, 2009

Ensino: Aquela maluca é apenas isso mesmo: uma maluca

A "professora" louca que a Sic transmite incessantemente nos telejornais é apenas isso: uma senhora absolutamente desiquilibrada que em nada representa a esmagadora maioria dos profissionais do Ensino em Portugal.
Aquilo envergonha-nos a todos, é certo. Mas é preciso ver que há 140 mil professores neste país. Forçosamente - e isto é apenas estatística - alguns deles não baterão bem da bola. É normal.
Mas fazer daquela estúpida excepção a regra e o ícone das professoras e dos professores portugueses é que é absolutamente soez.

Os pais, esmagadoramente iletrados (como ela diz), que já não olham os professores com grande simpatia, passarão a odiá-los mais ainda com a confusão que está a ser provocada junto da população.
Não era preciso chegar ao requinte de malvadez de expor a nu todos os devaneios da senhora. Trata-se apenas de uma louca, uma desiquilibrada. E isso deveria ser o suficiente.
Gravar e transmitir a gravação de uma louca a dizer asneiras consecutivas a quem serve? Qual é o objectivo desta campanha, para além de lançar o odioso sobre toda a classe?

Mas pior: repetir aquela vergonha até à exaustão, com intervalos de poucos minutos entre cada transmissão, demonstra-me claramente que isto é coisa encomendada.
Os pais - todos os que aparecem - testemunham disfarçados.
Pergunto: Porquê? Têm medo da professora louca?
Não me parece.


Que sirva de aviso a todos os professores. Um gravador digital custa 39 euros.
Mas nem é preciso comprar nenhum. Qualquer telemóvel dos miúdos grava horas de conversa.
Neste caso, ainda bem que tal aconteceu. A senhora está doente e foi a única maneira de a afastar do ensino.
Mas outros casos haverá em que uma frase, descontextualizada, pode produzir efeito semelhante.

Todos nós damos exemplos de situações humorísticas e caricatas, na aula, aqui ou além quando se proporciona, até para desanuviar o ambiente e provocar alguma descontração.
Nem quero imaginar o que aconteceria se os alunos desatassem a gravar tudo o que dizemos e apresentassem aos pais uma frase ou tirada humorística completamente descontextualizadas....
Podia ser o diabo!
Como é que eu iria explicar algumas das minhas tiradas de improviso absolutamente non-sense à Herman ou à John Cleese, que provocam a risada geral na turma?
Os pais nunca iriam perceber...
E não só eu. Muitos professores usam esta estratégia frequentemente para quebrar o gelo e desanuviar o ambiente.
Que mal há nisso?

Será que teremos que banir o humor (e a inteligência) das nossas aulas?
Teremos que passar a dar as aulas sempre com uma seriedade aterradora, por medo dos gravadores, a partir de agora?

Os professores estão sujeitos a todo o tipo de pressões.
Esta é só mais uma.
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