A escola portuguesa – a cura pior que a doença
A ortodoxia actual parte do princípio que os funcionários públicos só desempenham bem as suas funções se lhes for exigido que mostrem que desempenham bem as suas funções. Mas esta necessidade de mostrar consome tempo, e o tempo que se leva a preparar relatórios anuais e planos colectivos, elaborados para mostrar que uma pessoa está a fazer o seu trabalho, é retirado ao tempo que se tem para fazer esse trabalho... fazendo-se que a instituição seja na verdade menos eficiente do que seria sem tudo isto. (...) E não há instituição pública que não esteja envolvida neste fútil carrossel que só faz perder tempo.
Um outro equívoco é necessário a este carrossel, nomeadamente, que tudo é quantificável (...) [e] pode ser avaliado por intermédio de questionários, e assim por diante. Talvez vinte por cento das coisas o seja, e pode ser que vinte por cento destes exercícios indutores de eficiência tenham algum valor ou que valham as horas e horas do nosso tempo e de preenchimento de formulários que requerem. É verdade que é possível medir através de um questionário se o serviço prestado no bar é rápido ou se as casas de banho estão limpas, mas nunca é demais dizer que aquilo que acontece aqui dentro de mais essencial, a experiência de [ensinar e aprender] (...), não pode ser [assim] avaliado e permanece um mistério (...)
Alan Bennett, Untold Stories New York, 2005
O texto de Alan Bennett é sobre a National Gallery [museu de arte] de Londres e não sobre a escola portuguesa. Porém, basta um corte aqui e ali para assentar que nem uma luva...
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