Pobres houve sempre, e sempre os haverá. Se não houvesse patrão, não haveria pão. As empresas são as únicas criadoras da riqueza.
Há quem defenda, ainda hoje, verdades como estas, tão evidentes, que não precisam de demonstração, justificando-se por si próprias. A ideia é reconfortante, porque não leva ao trabalho de pensar. Mas por outro lado, se tais verdades não fossem questionáveis, correríamos o risco, ainda hoje, de acreditar que é o Sol que gira à volta da Terra.
As verdades evidentes são frequentemente um logro que, como expediente propagandístico, é usado para obter resultados favoráveis a quem quer impingir uma ideia. De fácil assimilação, essas verdades tornam-se para os crédulos factos inquestionáveis cuja demonstração é naturalmente desnecessária.
Elas aí estão, essas verdades, a oferecer a absoluta certeza da inevitabilidade do capitalismo a braços com uma crise cuja culpa está nuns quantos especuladores desonestos e não é intrínseca ao sistema. Porque este recusa um capitalismo selvagem e irresponsável.
E exigem agora um capitalismo de rosto humano, sem erros nem excessos, que apresente um mercado saudável, com maior regulação e fiscalização, sem activos tóxicos, um capitalismo em que patrões respeitem princípios morais, enfim um capitalismo novo, que tenha em conta o bem comum, com solidariedade e humanismo.
E a crise? Essa, proclamam, só poderá resolver-se com a convergência de todos os esforços, dando as mãos com a confiança de que podemos vencê-la, auxiliando solidariamente os mais desfavorecidos.
Esta análise psicológica da crise faz pensar que o esgotamento do capitalismo não tem apenas reflexos económicos e sociais. É também notório no seu esvaziamento ideológico e político.
Isto faz lembrar a recomendação da respeitável senhora inglesa ao despedir-se do jovem filho, de partida para a Índia em busca de fortuna : “Boa sorte, meu filho! Volta rico! Faz dinheiro – honestamente, se puderes”…
http://infoalternativa.org/spip.php?article919
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