Nenhum prazer se pode comparar – nem o sexo, nem a velocidade, nem o supermercado – ao de saber algo e poder transmiti-lo em voz alta, como o demonstra o exemplo universal do viandante obscuro que, questionado na rua por uma direcção, torna-se repentinamente sábio, alegre, loquaz, bom e até feliz. Mas para saber que sabemos algo, como sabia Platão, é necessário que nos perguntem, pois é precisamente “a espera atenta de uma resposta” (o contrato novo do próprio perguntar) o que nos permite descobrir de repente que também nós, até esse momento ignorantes, indignos e desprezáveis, temos algo a dizer e que, ainda mais, temos também os recursos mentais para o dizer.
Santiago Alba Rico
Santiago Alba Rico
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