sexta-feira, maio 08, 2009

Suspender a democracia em tempo de eleições?

No próximo dia 30 de Maio os professores voltam à rua, convocados pela Plataforma Sindical, para manifestarem a sua indignação perante as políticas educativas do Governo. Está em causa a exigência da revisão do Estatuto da Carreira Docente e a suspensão e substituição do actual modelo de avaliação de desempenho. Até aqui tudo normal e enquadrado na acção dos sindicatos do sector. Perante o anúncio desta manifestação, o Secretário de Estado Valter Lemos resolveu atirar-se à FENPROF e aos seus dirigentes. Não para pôr em causa as razões que levaram à sua convocação, mas, pasme-se, para atacar a oportunidade da sua realização em período de campanha eleitoral. O Secretário de Estado parece juntar a sua voz à da Presidente do PSD pedindo a suspensão da democracia por uns tempos.
Mas, homem atento, foi às listas de candidatos para o Parlamento Europeu e descobriu que cinco professores e dirigentes sindicais estavam nas listas da CDU. Escandalizado com o facto de existirem comunistas nas listas de uma coligação que tem como parceiro o Partido Comunista, atirou para o ar uma série de teorias sobre o aproveitamento partidário da iniciativa. Imaginem o desplante, são dirigentes sindicais, militantes do PCP e ainda por cima não param de lutar em ano de eleições. Pela forma como falou, e pelo que disse, convenceu-me que se a instituição que tinha sede na António Maria Cardoso ainda existisse seria lá que apresentaria queixa, Estou convencido que daqui a uma ou duas semanas ainda vamos ter o cabeça de lista do PS ao Parlamento Europeu a exigir um pedido de desculpas do PCP… por existir. Este secretário de estado que parece preocupadíssimo pelo aproveitamento político partidário de uma manifestação de um sector profissional, é colega de governo de um ministro que fez o papel de estafeta da EDP, entregando um cheque dessa empresa a um clube de futebol na pessoa do seu presidente que, por mero acaso, é candidato do PS à Câmara Municipal lá do sítio. Esta ideia fixa, que alguns democratas têm, de que a democracia se esgota no momento de votar e que em ano de eleições os portugueses deveriam era estar quietinhos só pode levar ao empobrecimento da própria democracia. Cá pela terra continuamos a insistir nos contactos com as pessoas e instituições e a construir o programa eleitoral com os eborenses. Desta vez vamos desafiar a comunidade educativa para debater os problemas relacionados com a Educação, no âmbito das competências municipais. Sem pré-formatações, sem ideias feitas mas com uma enorme disponibilidade para ouvirmos o que pensam pais, professores e funcionários, sobre o que deve ser a intervenção da autarquia neste domínio. E como somos muito atrevidos convidamos toda a gente, com e sem filiação partidária, sem inscrições prévias nem intervenções encomendadas, a estarem presentes no auditório da escola da Malagueira na próxima terça-feira à noite. Esta forma de fazer política pode incomodar, pode mesmo irritar, alguns espíritos mais conservadores e sectários que preferem a insinuação e o insulto atirado para as páginas dos jornais. Mas têm de se habituar. Os tempos estão a mudar e as populações exigem participar na resolução dos problemas.

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