Esta é maravilhosa:
"De cada vez que um membro do governo (ministra ou secretário de estado) vem para as televisões garantir que ainda não há nenhum caso confirmado de gripe A em Portugal, a linha 24 fica imediatamente congestionada de chamadas de portugueses em pânico a querer saber o que se passa." RTP1
Quer dizer: quanto mais os técnicos superiores de saúde se empenham em acalmar o povo, mais isso produz o efeito contrário junto da população.
Daí a máxima seguida pelo espertalhão ENGENHEIRO Sócrates de nunca falar nas coisas que não são boas. Só se não se puder evitar.
Os portugueses são de facto especialistas em não perceber coisa nenhuma do que se lhes transmite!
É quase impossível comunicar com os portugueses se utilizarmos uma linguagem normal, escorreita e limpa de elementos noveleiros como a mentira, a inveja, a traição.
Neste registo os portugueses percebem de imediato toda a comunicação. Percebem logo quem engana quem, de que forma este personagem se insidia, quem é o mais falso, etc, etc.
Porquê? Não sendo sociólogo posso tentar adivinhar que a maioria do povo português cresceu rodeados de histórias maquiavélicas passadas com vizinhos, amigos, familiares. Enfim, é uma hipóteses por aquilo que me é dado ver.
Todos nós, que chegamos aos 50, percebemos que muitos dos que nos rodearam durante anos se tornaram (ou já o eram?) gente mesquinha, interesseira, sem princípios. Gente que não presta, realmente, para nada. Talvez por isso a identificação tão "natural" desses fenómenos e a interiorização tão "natural" dessa linguagem, por parte do povo.
Pelo contrário, quem usar uma linguagem normal para tentar transmitir à população a coisa mais simples - que não há gripe, por exemplo - vê-se confrontado com todo o tipo de interpretações erradas.
Em Portugal quanto mais simples e cândida for a informação transmitida, mais passível de conjecturas aberrantes ela se tornará.
Nunca será entendida directamente.
De pequenino é que se retorce o cerebrozinho...
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