Os Estados Unidos, e certamente também o mundo inteiro, enfrentam a perspectiva de um desastre económico nunca visto, ao longo de várias gerações, concomitantemente com enormes riscos sociais e políticos. Um conjunto emaranhado de pressões descendentes, provenientes, em primeiro lugar, dos mercados financeiro e imobiliário e que está a arrastar agora a economia real para a depressão, originou a intervenção dos estabilizadores macro-económicos e instituições. A acção rápida e coordenada dos governos das economias industrializadas — em especial os da Europa, dos Estados Unidos e da China — e o apoio das instituições financeiras internacionais podem fazer com que se saia desta crise global. Mas esta acção só será eficaz se for maciça e fortemente dirigida para a satisfação das necessidades das pessoas e das comunidades, em vez de querer sobretudo proteger as falhadas instituições e práticas do passado que, em primeiro lugar, ajudaram a criar a crise e que agora se têm tornado ineficazes ou mesmo contraproducentes.
Até agora, a administração Bush nos Estados Unidos e alguns governos na Europa investiram vários biliões de dólares em acções pontuais de apoio aos mercados e às instituições financeiras (bailout) [1], esperando que os efeitos positivos dessa ajuda financeira se difundam pouco a pouco pelo resto da economia [2]. Embora inicialmente projectado, pelo menos em parte, para impedir um colapso financeiro e, nessa perspectiva, tendo sido um esforço necessário, foi ao mesmo tempo uma tentativa aparente de bater na tecla do reiniciar e de querer restaurar a trajectória económica em que estas economias estavam, antes do rebentar da crise. Mas esta política falhou, enquanto as principais instituições financeiras acumularam muito dinheiro, ou usaram os seus fundos para continuarem, durante décadas, as suas políticas agressivas de aquisição de outros bancos, enquanto iam pagando pródigos honorários para enriquecer elites financeiras, todas elas com fortes ligações aos meios governamentais. Os governos dos Estados Unidos, Inglaterra e de outros países – tentando proteger as prerrogativas, a riqueza e o poder dos homens da finança – também estiveram pouco dispostos a forçar os bancos a emprestar dinheiro aos agregados familiares fortemente afectados, às empresas e às comunidades. Entretanto, as empresas da economia real, os agregados familiares, o Estado e os governos locais e outros continuam a ter extremas necessidades de liquidez, levando-se assim a economia mundial mais e mais para baixo, para o aprofundamento da crise, conduzindo à difusão de pressões deflacionistas à escala mundial.
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