quarta-feira, junho 24, 2009

Direitos Humanos Finlandeses


Uma joint-venture entre a alemã Siemens e a finlandesa Nokia ajudou o regime iraniano a instalar um dos mais sofisticados mecanismos de censura da Internet do mundo, permitindo examinar de forma maciça o conteúdo dos pacotes de dados circulando na rede, sejam eles e-mails, fotos, vídeos ou até chamadas telefónicas pela rede. A notícia é avançada pelo Wall Street Journal.

O "centro de monitorização" instalado pelo governo iraniano na companhia telefónica estatal utiliza uma tecnologia chamada "inspecção profunda de pacotes" que permite não só o bloqueio de comunicações, como também a recolha de informação sobre quem enviou os dados, que podem ser até alterados para objectivos de desinformação.

Ben Roome, porta-voz da joint-venture, a Nokia Siemens Networks, confirmou a informação ao Wall Street Journal. O centro de monitorização foi instalado no segundo semestre de 2008.

A tecnologia consiste em inserir equipamento num fluxo online de dados, de e-mails e chamadas de net-phones a imagens e mensagens em redes sociais. Cada pacote de dados é desconstruído, examinado por palavras-chave e reconstruído em milissegundos. No caso do Irão, isto é feito num único ponto por onde passam todos os dados. "Não sabíamos que podia fazer tanta coisa", disse um engenheiro de redes em Teerão, citado pelo jornal. "Agora sabemos que eles têm ferramentas poderosas que lhes permitem fazer um rastreamento muito complexo na rede".

O uso destas ferramentas permitiria explicar por que o governo iraniano tem mantido a Internet a funcionar - ao contrário do sistema de SMS dos telemóveis, por exemplo, que foi bloqueado -, mas também por que o acesso ficou tão lento. Calcula-se que haja 23 milhões de cibernautas no Irão.

Organizações de direitos humanos criticaram a venda de equipamentos deste tipo ao Irão e a outros regimes considerados repressivos, por serem usados para reprimir dissidentes.

Ouvido pelo Wall Street Journal, o porta-voz da Nokia Siemens Networks disse que a empresa "decide sobre se faz ou não negócios num país. Acreditamos que fornecer às pessoas, onde quer que estejam, a possibilidade de comunicar, é preferível a deixá-las sem a escolha de serem ouvidas."

O problema é que essa escolha pode custar muito caro aos iranianos vítimas de uma tecnologia europeia.

in esquerda net

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