Peguemos então na máquina de calcular e deitemos contas à democracia que temos. De mais de 9 milhões e meio de eleitores inscritos, 63% (mais de 6 milhões) entenderam, no passado domingo, que não valia a pena votar. Considerando que outros 4,63%, tendo votado, o fizeram em branco, negando a confiança a qualquer partido, e que houve 2% de votos nulos, os portugueses que confiam ainda nos partidos que temos são já menos de um terço (30%).
O que significa que o PSD – partido mais votado – tem a confiança de apenas 9,5% dos portugueses (31,68% de 30%), e o PS de menos ainda: nem de 8% (26,58% de 30%). E todos os restantes partidos, no seu conjunto, de menos de 9%. É esta a legitimidade democrática (o PSD representando 9,5% dos portugueses, o PS menos de 8% e os restantes partidos menos de 9%) do actual sistema partidário. O que levou a tal divórcio dos portugueses – que, no entanto, nas primeiras eleições após o 25 de Abril acorreram em massa, esperançada e entusiasticamente, às urnas – dos políticos e da política? Teremos que mudar de povo? De políticos? Ou devemos continuar a fazer de conta?
Jornal de Notícias
Comentário: Concordo integralmente com este texto mas só constitui a primeira parte do que teria sido necessário ter escrito. Falta a segunda mas que o cronista não teve, vamos dizer a verdade, a coragem de o escrever. Querem saber qual é? Proudhon dá a resposta...Há 24 anos que tento mostrar isso mesmo...
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