Ao longo dos últimos seis meses uma nova Grande Depressão envolveu todo o mundo. Os círculos dirigentes mundiais e os media internacionais têm estado a propalar que esta Depressão é o resultado de uma mera crise financeira, provocada pela concessão irresponsável dos bancos de empréstimos a pessoas pobres nos EUA. Em consequência, eles começaram por afirmar que dentro de seis meses a um ano começaria a recuperação, graças a salvamentos governamentais e pacotes de estímulo de dimensão sem precedentes.
Contudo, a crise avançou tão rapidamente que em poucas semanas estas afirmações se desgastaram. O discurso sobre uma ruptura sistémica entrou agora na linguagem do próprio establishment dominante. Mesmo quando um George Bush na defensiva asseverava na cimeira do G-20 que "A crise não foi um fracasso do sistema de mercado livre", os seus homólogos francês e alemão foram ácidos nas suas réplicas. O ministro das Finanças da Alemanha declarou ao parlamento alemão: "O mundo nunca mais será como foi antes da crise. Os Estados Unidos perderão o seu estatuto de super potência no sistema financeiro mundial". "O que estamos a ver agora", disse Raghuram Rajan, antigo economista chefe do FMI, "é capitalismo em crise... mau não vejo um fim para o capitalismo".
Explicações inadequadas
Os media têm avançado várias explicações para a crise, sobretudo banais. Os jornais contam-nos que a crise foi o resultado de um excesso de "cobiça". Mas a cobiça dificilmente é um fenómeno novo. Na verdade, a teoria económica ortodoxa baseia-se na suposição de que todo indivíduo é ilimitadamente cobiçoso e de que a busca da cobiça individual traz crescimento geral e maior bem-estar.
Outra explicação amplamente circulada, e igualmente frívola, culpa as autoridades dos EUA por deixarem de salvar o banco gigante de investimentos Lehman Brothers em Setembro de 2008. A bancarrota do Lehman Brothers, afirma-se, apanhou os mercados de crédito e a crise ficou fora de controle. Agora esta explicação é ouvida menos frequentemente, pois verificou-se que virtualmente todo o sector financeiro dos EUA estava realmente insolvente e exigia salvamento.
Dois outras explicações ofereciam alguma verdade, mas incompleta. Primeiro, que o banco central do EUA, o Federal Reserve, manteve taxas de juros anormalmente baixas por um longo tempo, encorajando uma explosão de dívida e um boom insustentável naquela base. Segundo, que o Federal Reserve e outras autoridades financeiras nos EUA, sob o encanto da ideologia neoliberal, falharam em regular adequadamente o sector financeiro e piscou os olhos para o que equivalia a esquemas de pirâmide financeira. Estas explicações provocaram duas perguntas: Por que as extremamente bem informadas autoridades do mais refinado sistema financeiro do mundo promoveram uma tal bolha na economia? E como foram capazes de fazer isso?
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