sexta-feira, junho 12, 2009

O que a ERC tem de aturar

Conta o semanário Sol que os «assuntos que mais chocam os portugueses em programas de humor são o sexo e a religião», estando os Contemporâneos e o Gato Fedorento entre os maiores responsáveis por queixas deste género na ERC. Qualquer dia criam um indicador em função das queixas na ERC para classificar a “ofensividade” dos sketches.

O artigo dá um particular destaque ao sketch da Vida Badalhoca de Salazar (Contemporâneos), mas o que mais me atraíu a atenção foi em relação às intervenções do Chato, protagonizado por Nuno Lopes.

Personagem esta que «‘atreve-se’ a entrar numa igreja e dizer que Deus «está em todo o lado, grande coisa. Uma pessoa que está em todo o lado sem fazer nenhum é um vadio. E o filho vai pelo mesmo caminho. Se pensarmos bem, o que é que ele fez? Grandes jantaradas com os apóstolos! Depois, aos 33 anos, reforma. Pumba! Mãozinhas ao ar e já não faço nada durante mil e tal anos»

Passo a mostrar o sketch em causa, uma espécie de monólogo com um confessionário, onde por exemplo se discute se o vinho da missa/sangue de cristo pode dar problemas numa operação stop. Mas louvemos a sua capacidade de síntese e frontalidade…


Mas isto não fica por aqui. Na semana passada o Chato lembrou-se de ir chatear os peregrinos a caminho de Fátima, e é certo que lhes diz umas verdades, muito ao estilo do que Marinho Pinto fez com Manuela Moura Guedes.


O próprio Nuno Lopes desmistifica o caso, pois afirma que o «que o Chato critica é o tipo de pessoa, tipicamente português, que não faz nada e manda os outros trabalhar. No sketch do Chato na igreja ou, no último episódio, quando foi chatear os peregrinos [sketch que suscitou mais doze queixas ao provedor], a intenção não era criticar a fé das pessoas. O Chato só manda trabalhar as pessoas que não merecem»

Imagino que muito não crente tenha caído do sofá a rir, ao mesmo tempo que alguns entre os mais devotos ficaram ofendidos e escreveram uma carta à ERC a ver se conseguiam alguma coisa. Infelizmente muita alma católica ainda se acha acima de tudo e todos, procurando através do “politicamente incorrecto” (ou seja, não se pode falar disto “porque não”) anular à partida qualquer tentativa de crítica mordaz aos seus dogmas, organização a que pertencem ou fenómeno relacionado. Mas o melhor disto tudo é que há menos de vinte anos atrás ainda se censurou um suposto sketch sobre a Rainha Santa, tendo a coisa melhorado nos últimos tempos.

A frase mais interessante aparece no final do artigo: “Se formos tão politicamente correctos, então o humor deixa de ser humor”.

Pois é. Em teoria, quanto mais polémica pode dar, mais piada ou impacto pode vir a ter. E às vezes uma reacção exagerada pode ter o efeito oposto…
http://planetaateu.portalateu.com/

Sem comentários: