Umas das expressões que recorrentemente oiço e recorrentemente me incomoda é “isto é um país de ricos” e argumenta-se sempre com os telemóveis, carros, férias, uso de restaurantes, etc. Talvez valha a pena, sem que queira inquietar o vosso Domingo, perceber como, de facto, não somos um país de ricos. Segundo o INE e considerando os dados do primeiro trimestre deste ano, 40,6 % dos trabalhadores têm um salário líquido inferior a 600 €, 12,4 % acima de 1200 € e 0,6 % acima de 3000 €. Se considerarmos as assimetrias regionais, o Norte e os Açores têm a percentagem mais alta de pessoas com menos de 600 € líquidos, 49,7 % e 55,3 % respectivamente.
Não, definitivamente não somos um país de ricos. A convergência com outros países sempre prometida e sempre adiada é apenas isso mesmo, um desejo adiado. Mais provavelmente somos um país em que os valores que de mansinho se instalaram, consubstanciados no “és o que tens”, nos têm levado a uma definição de opções e prioridades que nos fazem parecer sem ser.
Mas isso é uma outra história.
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