sexta-feira, junho 12, 2009

Paulo Rangel: Nem só de pesporrência subsiste a eloquência


Paulo Artur Pesporrência Tonitruante dos Santos Rangel nasceu no Porto, em 1968, filho de uma professora de liceu e do segundo volume do Dicionário da Academia Cabo-Verdiana da Língua Portuguesa, dedicado às letras D e E. Foi o terceiro filho do casal, que se conhecera anos antes no concerto clandestino em Vilar de Mouros de um António Calvário a atravessar a sua fase glam rock. Os seus dois irmãos mais velhos, Matalotagem Proboscídea e Gimnospérmico Setimanista Rangel, foram baptizados com nomes que reflectiam a paixão dos progenitores por bizarrias do vocabulário, mas, com o nascimento do seu último rebento, houve vontade de variar. Além disso, quiseram também que um dos seus filhos pudesse ser tratado pelo nome de baptismo, sem necessidade de nomes improvisados para facilitar a pronúncia (Matalotagem cedo começou a ser chamada “Cristina” e Gimnospérmico alternava entre “João” e “Zé”, consoante as estações do ano). Herdando uma paixão familiar por palavras de meio metro, o jovem Paulo cedo manifestou gosto pelo fascinante mundo da estampilhagem estenodactilográfica e procurou um curso universitário que lhe permitisse seguir o sonho, mas foi em vão. Contentou-se pelas três sílabas do curso de Direito, mas optando pela Universiade Católica Internacionalista Multidisciplinar de Uagadugu, apenas por ter sido a instituição de ensino superior com o nome mais longo que encontrou. Não se conseguiu acostumar ao clima dos trópicos e, poucos meses depois da chegada, regressou a casa e matriculou-se numa universidade nacional com designação demasiado curta. Foi durante a experiência académica que, quando descia uma rua íngreme com alguns colegas depois de um jantar bem regado, tropeçou num cágado que ia a passar e rebolou pela rua abaixo a velocidade vertiginosa, motivando a um dos companheiros a exclamação preocupada “Ninguém pára o Rangel!” que ainda hoje é frequentemente associada à sua pessoa. Felizmente, não houve mazelas além do orgulho ferido e o jovem Rangel foi salvo de cair ao rio por um carregamento de fardos de algodão que ali fora deixado por acaso. Publicou vários livros sobre temáticas jurídicas, incluindo um volume de 1999 em que as 372 páginas são preenchidas por uma única palavra, e a sua prosa chamou a atenção de Rui Rio, candidato à Câmara Municipal do Porto em 2001, que o encarregou de escrever o programa da sua candidatura. Fê-lo com a mestria esperada e o documento foi considerado brilhante pelos primeiros leitores, não reconhecendo estes dois terços das palavras usadas e vendo-se forçados a elogiar para não fazer má figura. Foi secretário de estado adjunto da Justiça no governo de Santana Lopes, aproveitando para lhe ensinar o significado da palavra epidídimo, que muito o divertiu. Posteriormente, foi eleito deputado e chefe do grupo parlamentar social democrata e sagrou-se vencedor nas eleições europeias de 2009 como cabeça de lista. Pretende regressar um dia à política nacional e não esconde o desejo de liderar o partido, tendo como principal projecto político acrescentar mais 30 letras à sigla PPD/PSD.
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