De acordo com o sistema de avaliação de desempenho dos funcionários públicos (SIADAP), apenas uma minoria de trabalhadores com classificação de “Excelente” tem direito a prémios de desempenho e estas, salvo excepções bem fundamentadas, não podem abranger mais de 5 por cento do pessoal de cada entidade.Porém, a imprensa de hoje avança que, de acordo com a Conta Geral do Estado de 2008, vários organismos públicos pagaram prémios a funcionários que não reuniam condições para os receber e, em alguns desses organismos, este fenómeno de uma reforma que finalmente começa a dar frutos chegou mesmo a bafejar 90 por cento do seu pessoal.Evidentemente que a notícia recolherá como reacção maioritária um equivalente da expressão “ah! Aqueles privilegiados dos funcionários públicos!”. Somos um país de gente séria que jamais aceitaria receber um prémio ao qual não tivesse direito. Porém, fora da torrente de instinto desta multidão de portugueses que não hesitariam em devolver aquilo que recebessem a mais, também haverá quem identifique a excepção das situações noticiadas, bem como a omissão da responsabilidade financeira em que legalmente incorrem obrigatoriamente os dirigentes que as permitam, caso houvesse vontade política para tal. A reforma da administração pública introduzida pelo actual Governo, que substituiu um sistema de carreiras por outro baseado em prémios de mérito atribuídos ao sabor de critérios de dirigentes cujo mérito em regra é a cor do seu cartão partidário, retirou direitos aos funcionários públicos e atribuiu novos poderes a uma classe de boys mandões que assistiu à sua implementação com a garantia de que sua inimputabilidade não seria beliscada. Agora, com dinheiro que não é mas fazem seu, até dão prémios.
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