O que mais impressiona no declínio do império socialista é a velocidade a que está a dar-se. Ainda há um mês, recordemos, o PS estava destinado pelas sondagens e pelos comentadores a ganhar as europeias, Passos Coelho pedia a vitória ao PSD na pouca secreta certeza de que ela era impossível e a única dúvida de todos era saber se Sócrates venceria as legislativas com ou sem maioria absoluta.
E agora...
O Governo das reformas e do "animal feroz" recua no TGV, recua no novo aeroporto, recua na avaliação dos professores, recua nas duplas candidaturas, recua no negócio da PT-TVI de um dia para o outro e recua ministros na hora. Até propõe "pactos" sobre as PMEs, uma das mais destacadas bandeiras do PSD nos últimos tempos.
O vento mudou. A iniciativa de jogo passou para a oposição e o Governo, remetido à defesa, limita-se a responder à zona, quando não ao homem (ou à mulher).
Tudo isto porque o pesadelo de 7 de Junho revelou duas coisas terríveis ao PS. Primeiro, que Sócrates perde eleições, ao contrário do que diziam as sondagens e os comentadores. Segundo, que Manuela Ferreira Leite ganha eleições, ao contrário do que diziam as sondagens e os comentadores.
O efeito das revelações notou-se modo superlativo no debate sobre o estado da nação. O alvo das investidas do Primeiro-Ministro, apesar de algumas distracções taurinas, estava fora do hemiciclo. Nos próximos meses não teremos mais Pinho, mas teremos certamente mais ataques à "política de verdade" de Manuela Ferreira Leite.
O que é um pouco irónico. Como mote de campanha, "política de verdade" deixa a desejar porque em "política" ninguém tem o monopólio da "verdade". Mas com um Primeiro-Ministro que mente por sistema e sem castigo (pelo menos até ao passado 7 de Junho) torna-se o contraponto ideal.
O PS bem sabe onde lhe dói. E não é nos corninhos.
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