Eu classificaria o sector financeiro como improdutivo. Num certo sentido isto parece bastante óbvio uma vez que ele não produz qualquer coisa fisicamente. Mas, podem dizer os apologistas dos bancos, esta distinção de Smith é enganosa, pois o critério real de se os bancos são ou não produtivos deve ser encontrado nos seus balanços. Esta distinção era, diriam eles, um arcaico preconceito calvinista de Adam Smith que ligava a produtividade à produção física. Esta crítica de Smith é feita tanto por conservadores como Rothbard como por alguns autores marxistas. Estes últimos argumentam que a questão crucial não é se os bancos produzem qualquer coisa física mas sim se eles produzem valor excedente.
Será que eles produzem valor excedente?
Bem, eles sem dúvida apresentam um lucro na maioria dos anos. Assim, se alguém se contentasse em olhar apenas para a forma das coisas, então eles pareceriam ser produtivos. Mas se olharmos com maior pormenor para as contas nacionais descobriremos que o quadro não é tão simples. Os bancos fazem uma variedade de coisas, algumas das quais podem ser retratadas como simples serviços, vendidos como uma mercadoria, outros são mais difíceis de retratar deste modo. Nas suas contas eles mostram uma entrada por rendimento devido ao fornecimento de serviços. Um exemplo disto seria cobrar para compensar cheques ou para fazer pagamentos a outras contas. Contudo, o que se vê quando se olha o sector bancário do Reino Unido é que tais cobranças por serviços bancários são insuficientes até mesmo para cobrir as despesas salariais dos bancos. Para o público geral, esta é a principal utilização dos bancos, mas não é a sua principal fonte de receita. Esta vem, ao invés, de lucros sobre contratos financeiros. A primeira e mais antiga fonte de tais lucros é a cobrança de juros sobre o seu próprio capital o qual eles emprestam e o dinheiro dos seus depositantes que também emprestam. Ao longo do tempo os bancos e outras instituições financeiras tem vindo a fazer uma parte das suas receitas comerciando em contratos financeiros de complexidade e abstracção cada vez maior. Pode qualquer coisas destas ser encarada como produtiva?
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