A série de televisão americana Mad Men [Loucos] da BBC oferece um raro vislumbre do poder da publicidade corporativa. A promoção do tabaco há meio século atrás pelas pessoas “inteligentes” da Madison Avenue, que sabiam a verdade, levou a mortes incontáveis. A publicidade e a sua gémea, as relações públicas, tornou-se num meio de enganar sonhado por aqueles que tinham lido Freud e aplicaram psicologia de massas a qualquer coisa, dos cigarros à política. Assim como o Homem Marlboro era a própria virilidade, da mesma forma os políticos podiam ser marcados, empacotados e vendidos.
Passaram-se mais de 100 dias desde que Barack Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos. A “marca Obama” foi denominada “Profissional de marketing do ano 2008 da Era da Publicidade”, ultrapassando facilmente os computadores Apple. David Fenton de MoveOn.org descreve a campanha eleitoral de Obama como «uma comunidade organizadora tecnológica e automatizada, institucionalizada ao nível de massas, que nunca existiu antes e é uma força muito, muito poderosa». Utilizando a Internet e um slogan plagiado do organizador sindical latino César Chávez – «Sí, se puede!» ou «Sim, podemos» – a comunidade tecnológica automatizada ao nível de massas publicitou a sua marca até à vitória num país desesperado por livrar-se de George W. Bush.
Ninguém sabia o que a nova marca realmente significava. Tão perfeita foi a publicidade (só em comerciais de televisão foi gasto um recorde de 75 milhões de dólares) que muitos americanos realmente acreditaram que Obama partilhava a sua oposição às guerras de Bush. Na verdade, ele tinha reiteradamente apoiado a instigação à guerra de Bush e o seu financiamento pelo Congresso. Muitos americanos também acreditaram que ele era o sucessor do legado anti-colonialista de Martin Luther King. Contudo, se Obama tinha algum tema, além do vácuo «A mudança em que pode acreditar», era a renovação da América como um tirano dominante e avaro. «Seremos os mais poderosos», declarou frequentemente.
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