Há sete anos, com uma taxa de desemprego nos quatro por cento e uma legislação laboral que protegia quem vive do seu trabalho muito mais do que actualmente, foram 9800 os que procuraram outro destino para viver e trabalhar. Em 2008, com o desemprego nos 7,7 por cento, esta foi a escolha de 20.357 cidadãos. Em 2009, para além de uma taxa de desemprego nos dois dígitos, temos ainda uma legislação laboral que, após duas reformas com o mesmo sinal de regressão social, protege menos quem trabalha e promove o achatamento salarial e novas formas de exploração. O ano ainda não terminou e ainda não existe estimativa de quantos procuraram e procurarão vida noutras paragens, deixando de contar para os números do desemprego.
"Estamos a perder população jovem, em idade activa, e isso é grave para o país", constata a demógrafa Filomena Mendes. A economista Nádia Simões, investigadora do centro Dinâmia do ISCTE, atribui este fenómeno à "degradação das condições do mercado de trabalho". Pedro Góis lembra que os efeitos da crise têm sido particularmente pesados nos sectores que habitualmente captavam mais mão-de-obra imigrante. Mas, "entre os novos emigrantes, há cada vez mais pessoas altamente qualificadas", frisa Nádia Simões. Para a economista, este é o fenómeno mais preocupante, já que, salienta, estas pessoas estão entre aquelas que têm "maiores capacidades para promoverem o desenvolvimento económico do país". "Saem os que têm maior capacidade de impulso e isso é bastante negativo."
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