domingo, agosto 02, 2009

Política fiscal da emboscada

“Um iate se calhar devia ser altamente tributado. Agora, deixe lá o rico ir comprar o iate, não lhe tire o dinheiro antes de ele ir ao iate, porque aí tira postos de trabalho àqueles que construíram o iate.” – Ferreira Leite, citada no Correio da Manhã.
“Deixe lá o rico ir comprar o iate, não lhe tire o dinheiro antes de ele ir ao iate” é uma coisa do além, que mais parece saída de um filme do Tarantino. (Estou a imaginar a cilada. Ferreira Leite está numa carrinha à distância. O vendedor de iates encontra-se com o rico debaixo do viaduto. Assim que transaccionam o barco, Ferreira Leite aparece: Mãos no ar. Tu, rico, passa para cá os impostos. Tu, vendedor, vai à procura de outro, enquanto eu tenho uma conversinha aqui com este ricalhaço – dá-lhe uma coronhada na nuca – com que então a comprar barquinhos – mais uma coronhada – pensavas mesmo que o Estado não te ia ficar com o dinheiro – pontapé nas partes – se não te importas eu vou ficar com o barquinho e com o dinheiro.)
Enfim, a líder do PSD devia saber que os iates à séria são comprados por paraísos fiscais e que se ela tributar alguém, só tolos com aquelas embarcações pneumáticas que nem dobram o Espichel.
Devia saber, também, que quando esteve no Governo e tentou fazer estas emboscadas, os barquinhos dos portugueses, embora comprados por paraísos fiscais, nem sequer passavam por Portugal. Ficavam nas costas francesa e espanhola, onde não há ferreiras leites, nem na época baixa.
Quanto aos postos de trabalho que se garantem com estes esquemas – se é que se garantem muitos neste jogo do gato e do rato – folgo em saber que Ferreira Leite está preocupada com o desemprego em Itália, Espanha e Estados Unidos. Ou será que a líder do PSD acha que os iates são construídos em Portugal? A apanhar do ar como anda, talvez ache.
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