QUEM SOU EU?
Um revolucionário
Sou um revolucionário e não um desordeiro. (Carta de 4 de Março de 1842). O povo quereria acabá-la completamente; mas... ela não tem fim. (Carta a Langlois, Dezembro de 1851.)
A Revolução é permanente... Não há propriamente, uma só, mesma e perpétua revolução. (Toast à la Révol.)
Uma revolução é uma força contra a qual nenhuma força... pode prevalecer, e cuja natureza é fortificar-se e crescer com a resistência que encontra. Pode-se dirigir, moderar, retardar uma revolução... De modo nenhum se faz recuar uma revolução, se consegue enganá-la, ou deformá-la, como nem com a mais forte razão se consegue vencê-la. Quanto mais a reprimem, mais aumentam a sua energia e tornam a sua acçao irresistivel. (Idée Gen. de la Rev., 1.º estudo.)
Pregam-se, neste momento, não sei quantos Evangelhos novos. Não pretendo aumentar o nú mero desses loucos. (Carta de 17 de Julho de 1844.) A maior parte dos revolucionários só pensa, à, maneira dos conservadores que eles combatem, na construção de prisões. (La Rév. Sociale.)
A reacção, gérmen do despotismo, está no coração de todos os homens; ela aparece-nos, ao mesmo tempo, nas duas extremidades do horizonte político.
Não é das menores causas das nossas infelicidades...
Todo o partido político, qualquer que ele seja, pode apresentar, sucessivamente, segundo as circunstâncias, uma expressão revolucionária e uma expressão reaccionária. (Idée Gén. de la Rév., 1.1, estudo.)
É tempo de desaparecer essa escola de falsos revolucionários que, especulando com a agitação mais do que com a inteligência, com os golpes mais do que com as ideias, se julgam cada vez mais fortes e lógicos. (La Rév. Sociale.)
Como na sociedade as ideias são interesses, e os interesses são homens, é difícil que homens que reinaram por interesses e pelas suas ideias consintam em eclipsar-see e desaparecer. É preciso vencê-los. É por isso também que julguei dever lembrar aos que me leem que existem casos em que a revolta contra o governo se torna, ao mesmo tempo, um direito e um dever. Não deixemos enfraquecer entre nós o espírito revolucionário, o espírito próprio da liberdade e do progresso.
Quando encontrarmos nele uma garantia contra as traições sistemáticas, um aguilhão contra a moleza e as irresoluções dos nossos mandatários, jamais deveremos deixar apagar esse fogo sagrado...
Certamente que o ideal do progresso seria que o corpo eleitoral, as Câmaras, o Governo, compreendendo finalmente a justiça e a infabilidade de todas estas revoluções, se tornassem de repente radicais e procedessem espontaneamente às reformas...
É segundo este ponto de vista que ousei desenvolver o quadro de uma situação inexorável, sabendo muito bem que uma revolução prevista só é de recear para aqueles que a desafiam. (Creat. de I’O., Cap. V.)
E um reformador
Prego a emancipação aos proletários a associação aos trabalhadores.. Incito à revolução por todos os meios... a palavra, a escrita, a imprensa, as acções e os exemplos...
Sim, sou reformador, digo-o tal como o penso, de boa fé, e para que esta vaidade nunca me seja censurada; quero converter o mundo. Sem dúvida que esta fantasia surge-me dum grande orgulho exaltado, que se terá transformado em delírio; mas dever-se-á, pelo menos, conceder que, prodigiosamente, tenho colegas e que a minha demência não é monomania...
Os reformadores, em geral, são ciosos do seu papel, não suportam rivais, não querem partilhar nada: têm discípulos, mas não colaboradores. A minha felicidade, pelo contrário, é comunicar a minha paixão e torná-la, tanto quanto posso, epidémica.
Por outro lado, todo o reformador é taumaturgo ou, pelo menos, deseja vir a sê-lo. Eu tenho horror aos milagres como autoridades, e não viso senão a lógica...
Enfim, é nisto que me afasto mais dos meus colegas, não creio ser necessário, para chegar à igualdade, pôr tudo de pernas para o ar. Defender que um derrubamento pode, sozinho, trazer a reforma é, quanto a mim, urdir um silogismo e procurar a verdade no desconhecido. Ora, eu sou pela generalização, pela indução e pelo progresso. (2e. Mémoire, concl.)
Trabalhem na reforma, na constituição da nova ciência, que é a própria constituição da sociedade e da ordem pública: trabalhem nisso, pela isenção das instituições e das leis, pela crítica das funções sociais, pela interpretação dos princípios de igual dade, espalhados na Constituição Política e nos códigos, pelas discussões económicas e pela determinação das medidas a tomar, em caso de êxito... E quando se sentirem bastante fortes, não peçam exijam!
... Se o poder, para escapar aos tragos da vossa crítica ardente, ousasse, como já aconteceu, proibir a própria ciência e suspender a comunicação das ideias, então, democratas, estarieis no caso de legítima defesa: Tunc dolus an virtus quis in hoste requirat? Perguntareis à história como é que os homens livres se desfazem dos tiranos. (De l'O. dans l'Humanité, Cap. V.)
O direito da força está longe de ter dito a sua palavra. Só ele pode terminar o debate suscitado... entre a classe dita burguesa, que desaparece, e a classe operária, assalariada, que aumenta em cada dia. Seja por uma batalha ou por uma constituição consentido, pouco importa: é preciso que o sistema de trabalho, de crédito e de comércio de...
O povo, a democracia industrial, destruirá a soberania do dinheiro... mudará a relação entre o trabalho e o capital, e constituirá o direito económico. (La Guerre et la Paix, liv. II, Cap. XI.)
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