quarta-feira, setembro 16, 2009

O NEGRO E O VERMELHO

A INSTAURAÇÃO DE UMA ECONOMIA SOCIAL

O problema do proletariado exige a constituição de uma ciência social. (Contr. Écon., Cap. XIV.)
Há uma ciência das quantidades, que obriga à aprovação, exclui o arbitrário, repele toda a utopia; uma ciência dos fenômenos físicos, que assenta unicamente na observação dos factos... Deve existir também uma ciência da sociedade, absoluta, rigorosa, baseada na natureza do homem, das suas faculdades e das suas relações - ciência que não é preciso inventar, mas descobrir. (Célébration du Dimanche, Cap. V.)
A ciência social só progridirá com a ajuda da legislação comparada e da história. (Créat. de 1'0. Défin.)
Sob o ponto de vista de organização, as leis da economia política são as leis da história. (Créat. de l’O., 1843, Cap. V.)
O campo de observação da ciência económica é a sociedade; isto é, outra vez o eu. Se querem conhecer o homem, estudem a sociedade; se querem conhecer a sociedade, estudem o homem. O homem e a sociedade servem, reciprocamente, de tema e de objectivo.
A realidade, quase diria a personalidade do homem colectivo, está tão certa como a realidade e a personalidade do homem e do indivíduo... A inteligência, a espontaneidade, o desenvolvimento, a vida, tudo o que constitui a realidade do ser, é tão essencial à sociedade como ao homem. (Contr. Econ., Cap. II.)
Mas, o que é esse eu colectivo e individual?...
-O eu humano, manifestado através do trabalho...
O autor da razão económica é o homem; o criador da matéria económica é o homem; o arquitecto do sistema económico é ainda o homem. Depois de ter produzido a razão e a experiência social, a humanidade procede à construção de uma ciência social. (Contr. Écon., cap. XIV.)
A associação real dos trabalhadores... pode dar crédito e satisfação tanto ao produtor como ao consumidor...
O Estado, seja o que for que se diga ou que se faça, não é, nem nunca será, a mesma coisa que a universalidade dos cidadãos... (cap. X.)
A fórmula de organização da sociedade pelo trabalho... deve agradar, ao mesmo tempo, aos interesses sociais e à liberdade individual. (Contr. Econ., cap. IX.) Há que descobrir e comprovar as leis económicas, restritivas da propriedade, distributivas do trabalho... (Cél. Dim., cap. V.)
E encontrar um estado de igualdade que seja, nem comunidade, nem despotismo, nem desmembramento, nem anarquia, mas liberdade na ordem e independência na unidade. E, uma vez este primeiro ponto resolvido... indicar o melhor modo de transição.
Aqui está todo o problema humanitário. (Célébr. du Dimanche, cap. II, 1839.)
Encontrar um sistema de igualdade, no qual todas as instituições actuais - menos a propriedade ou a soma dos abusos da propriedade - não só possam ter lugar, como sejam, elas próprias, meios de igualdade. Um sistema que assegure a formação dos capitais... que, através de uma visão superior, explique, corrija e complete as teorias de associação propostas até hoje... um sistema, enfim, que, servindo a si mesmo de meio de transição, seja imediatamente aplicável.
Uma obra tão vasta exigiria, sei-o bem, os esforços reunidos de vinte Montesquieus; contudo, se não está reservado a nenhum homem completá-la sozinho, um só, pode começá-la. A estrada que este há-de percorrer bastará para descobrir o fim e assegurar o resultado. (Qu’est-ce que le Prop? Prem. Mémoire, prefácio.)

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