CRITICA AO COMUNISMO DOGMÁTICO
1. - SENTIDO E ALCANCE DA CRITICA
Aos meus olhos, os comunistas só não têm razão no facto de usarem um nome segundo o qual o mundo teima em compreender ideias e projectos que eles próprios recusam.
Quando, nesta obra, opondo a comunidade à propriedade, nos pronunciamos contra estes dois modos de sociedade simplista, é evidente que a nossa crítica não se dirige a homens que procuram ainda as suas fórmulas, e cujas ideias saem de todos os sistemas conhecidos de comunidade. (Création de 1'O., cap. IV.)
Comunidade. - Não escrevo este capítulo para os comunistas, tanto os da França, como os da Alemanha. Os comunistas ainda não têm um sistema determinado; os comunistas são a favor de qualquer sistema que organize, o melhor possível, a produção e a repartição, assegurando a liberdade, a justiça e o bem-estar. Os comunistas estão comigo, embora eu não seja comunista, e estou com eles, porque, sem que eles o saibam, não são mais comunistas do que eu.
Escrevo pois para os que têm necessidade de justificar teoricamente qualquer principio. Escrevo, enfim, para os socialistas investigadores e de espírito livre. Vou indagar se a comunidade, que no espírito de alguns compreende tudo, abrange tudo acode a tudo, ete., não é simplesmente - como a propriedade, o crédito, a concorrência, a divisão do trabalho uma das molas da máquina social. (Carnets, 2 de Outubro de 1845.)
2. -CRITICA A COMUNIDADE INTEGRAL
Uma vez desfeito o erro, admitindo, necessariamente, uma verdade contrária, não terminarei sem ter resolvido o primeiro problema da ciência política, que preocupa hoje todas as inteligências: Uma vez abolido a propriedade, que forma tomará a sociedade? Será a de comunidade? (Prem. Mémoire.)
Se alguma vez um homem mereceu muito do comunismo, foi seguramente o autor do livro publicado em 1840, sob este titulo: «O que é a Propriedade?» Adversário da propriedade, mais que ninguém, tenho o direito de exprimir uma opinião sobre a possibilidade duma organização comunista. Concordemos então com factos e termos, e procedamos por ordem...
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