sábado, setembro 26, 2009

O NEGRO E O VERMELHO

O plano autoritário

Na fase a que chegámos, o comunismo aparece para pôr em situação critica a propriedade. O comunismo reproduz, pois, mas através duma posição inversa, todas as contradições de economia política. O seu segredo consiste em substituir o indivíduo pelo homem colectivo, em cada uma das funções sociais, produção, troca, consumo, educação, família. A utopia comunista, saída do fundamento económico do Estado, é a contraprova da rotina egoísta e proprietária...
Numa comunidade bem organizada, deverá conhecer-se com exactidão, e para toda a espécie d produtos, as necessidades de consumo e os limite da produção... Cada associação industrial deve então fornecer um contingente proporcional ao seu pessoal e aos seus meios, descontando os sinistros e as avarias; reciprocamente, cada manufactura e cada corpo do Estado receberá, dos outros centros de produção fornecimentos de todo o gênero, calculados proporcionalmente às suas necessidades. Tal é a condição sine qua non do trabalho e do equilíbrio...
Deste modo, teremos de estabelecer, pelo menos para as fábricas, associações, cidades e províncias, uma contabilidade. Por que não se há-de aplicar esta contabilidade, pura expressão da justiça, aos indivíduos, tal como às massas? Por que não há-de descer a repartição, começada nas grandes corporacões do Estado, até às pessoas?...
A comunidade, dizeis vós, cai sobre as coisas, não sobre as pessoas. A comunidade estabelece-se entre estas, pelo uso dos mesmos objectos.

C. A ditadura

Será preciso seguir as normas, e, para conservar a vida comum, abolir a vida privada?... mas, lembro-vos que então a comunidade passa das coisas às pessoas...
Deveria acaso ser abolida a liberdade individual, em nome da liberdade geral, a qual se compõe da soma das liberdades individuais? Qual seria o motivo desta abolição?
Como assegurar a eficácia do trabalho e a equidade do rendimento, sem responsabilidade, e, consequentemente, sem liberdade individual?
A divisão do trabalho é anti-comunista, naquilo em que ela adapta a um grau, tão fraco quanto se queira, as funções a grupos e os grupos a indivíduos.
Seja o que for que ela faça, a comunidade está condenada a morrer; só tem que escolher entre abdicar, nas mãos da justiça, ou criar, a coberto da fraternidade, o despotismo do número, em lugar do despotismo da força...
De todos os seus preconceitos, aquele que os comunistas mais acarinham é a ditadura. Ditadura da indústria, ditadura do comércio, ditadura do pensamento, ditadura na vida social e na vida privada, ditadura por toda a parte: tal é o dogma...
A revolução social, M. Cabet não a concebe como efeito possível do desenvolvimento das instituições e do concurso das inteligências. É-lhe preciso um homem. Depois de ter suprimido todas as vontades individuais, ele concentra-as numa individualidade suprema, que exprime o pensamento colectivo, e que, como o motor imóvel de Aristóteles, dá livre curso a todas as actividades subalternas. Deste modo, pelo simples desenvolvimento da ideia, é-se invencivelmente levado a concluir que o ideal da comunidade é o absolutismo. Assim, o que é a comunidade? É a ideia económica do Estado, levada até à absorção da personalidade e da iniciativa individual... (Contr. Écon., cap. XII, 1846.)

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