sábado, novembro 14, 2009

O NEGRO E O VERMELHO

O federalismo e a independência da Argélia

Deveriamos ter na Argélia... uma Confederação marítima... admínistrando-se e governando-se ela própria, tendo as suas assembléias de província e a sua assembléia geral, o seu conselho executivo e os seus municípios; e sem outra relação com a mae-patria a não ser as trocas.
O sistema não o quis...
Então, a centralização, incompatível com qualquer liberdade, tornou-se mais forte na Argélia, pela prepotêneia do poder militar, incompatível com o trabalho... Entretanto, que imaginaram os nossos deputados da oposição para fazer reviver, entre as nossas desgraçadas mãos, esta terra africana? Uma única coisa: dobrar a sua deputação...
Nunca o teríamos acreditado, se não tivéssemos sido testemunhas disso, que tanto disparate pudesse cair scibre um pais do alto duma tribuna. (Capac. Pol., liv. III, cap. V.)
Um dia, surgirá a independência da Argélia. Mas, então, a sociedade europeia estará transformada... (Carnets, 8 de Julho de 1847.)

d) O federalismo e as nacionalidades

P. - Que pensa do equilíbrio europeu?
R. - Pensamento glorioso de Henrique IV, a que a revolução pode, por si só, dar a verdadeira fórmula: o federalismo universal, suprema garantia de toda a liberdade e de todo o direito...
O federalismo é a forma política da humanidade.
P. - Em que se transformam as nacionalidades?
R. - As nacionalidades serão tanto melhor asseguradas quanto o principio federativo tiver recebido uma aplicação mais completa. A este respeito, pode-se dizer que, desde há trinta anos, a opinião seguiu um caminho errado.
O sentimento da pátria é como o da família, da posse territorial, da associação industrial; um elemento indestrutível da consciência dos povos...
Mas há muita diferença entre o reconhecimento das nacionalidades e a ideia de pô-los ao serviço de certas restaurações, tornadas inúteis, para não dizer perigosas... Os que falam de restabelecer essas unidades nacionais apreciam pouco as liberdades individuais. O nacionalismo é o pretexto de que se servem para evitar a revolução económica. (Justice, L’État)
Uma das melhores coisas que foram feitas em Viena, e em que menos pensaram as potências signatárias, foi o entrecruzamento das raças e das línguas, proveniente da irregularidade dos recortes geográficos... Elas ensinaram ao povo que a justiça, como a religião, está acima da língua, do culto e da figura; que o que faz a pátria, muito mais que os acidentes do solo e a variedade das raças, é o direito...
Aos princípios proclamados em Viena opõem-se outros, mais relacionados com as fantasias, mais atraentes no seu materialismo: por um lado, o principio das nacionalidades, simples na aparência e de aplicação fácil, e, no fundo, indeterminável, sujeito a excepção e a contradição, fonte de inveja e de desigualdade; em segundo lugar, o princípio, ainda mais ambíguo, mais arbitrário no seu fatalismo, das fronteiras naturais...
Sob o ponto de vista fisiológico, não existem nacionalidade belga, nem tão pouco nacionalidade suíça; trata-se duma associação política entre duas ou mesmo três fracções de raças diferentes, neerlandesa ou batávica, gaulesa e germânica. Quanto às fronteiras, a diplomacia pode traçá-las a lápis no mapa; impossível é justificá-las de acordo com a configuração do solo. (Si les Traités de 1815 ont cessé d'exister.)

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