quarta-feira, dezembro 30, 2009

O NEGRO E O VERMELHO

Sanção moral e solidariedade social

Em virtude da solidariedade moral que une os homens, é raro que um acto de prevaricação seja completamente isolado e que o prevaricador não tenha por cúmplice, directo ou indirecto, a sociedade e as suas instituições. Somos todos, uns mais outros menos, culpados uns para com os outros, e o que diz Job não é verdadeiro: pecador perante Deus, estou inocente perante os homens. Nesta comunidade de consciência, sendo a Justiça reciproca, é-o também a sanção; a reparação deve comportar-se do mesmo modo. Quais são as causas, os pretextos, se tal quisermos, que arrastaram o acusado? Que injustiça, que tolerância, que favor o provocou? Que mau exemplo lhe foi dado? Que omissão, que contradição do legislador atormentou a sua alma? De que ofensas, - seja da parte da sociedade, seja da parte dos particulares - se lamenta ele? Quais as vantagens, dependentes da vontade pública, de que não goza?... Eis o que o juiz de instrução deve investigar, com tanto cuidado como as próprias circunstâncias do crime ou delito... (Justice, Sanction morale.)

2. - REALISMO SOCIAL E AGENTES DA MORAL

Tendo sido apresentado o homem, a família, a sociedade, um ser colectivo, sexual e individual dotado de razão, de consciência e de amor, cujo destino é instruir-se através da experiência, aperfeiçoar-se pela reflexão e criar a sua subsistência pelo trabalho:
Organizar as forças deste ser... tal é o problema. (Idée Gén. de la Révol., 7.º estudo.)
Quando se tiver visto como, na espécie humana, o indivíduo e a sociedade, indivisivelmente unidos, formam no entanto dois seres distintos, ambos pensantes, actuantes e progressivos, e como o primeiro recebe uma parte das suas ideias do segundo e exerce, por sua vez, uma influência sobre ele; quando dermos conta deste dualismo... que compõe a existência colectiva e as existências individuais... teremos a ciência progressiva... terminando toda a teosofia na moral. (Phil. du Prog, 2e lettre.)

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