As suas duas necessidades
Responsabilidade e equivalência: O homem não tem nada mais precioso que ele próprio e, por conseguinte, nenhuma outra lei que não seja a sua responsabilidade.
O homem não sai da sua preguiça, a não ser quando a necessidade o aperta; o meio mais seguro de nele aniquilar o gênio, é libertá-lo de preocupações, retirar-lhe o atractivo do lucro e da distinção social resultante, criando em redor dele a paz, e por toda a parte, a paz, e transportando para o Estado a responsabilidade da sua inércia.
Sim, é preciso dizê-lo, não obstante o quietismo moderno: a vida do homem é uma guerra permanente, guerra com a necessidade, guerra com a natureza, guerra com os seus semelhantes - consequentemente, guerra com ele próprio.
A teoria duma igualdade pacífica, baseada na fraternidade e na abnegação, não é maís que uma imitação da doutrina católica da renúncia aos bens e aos prazeres deste mundo, o princípio da indigência, o elogio da miséria. O homem pode amar o seu semelhante até morrer; não o ama até trabalhar para ele... (Contr. Écon., cap. V.)
A própria igualdade só existe através da equivalência.
É-se pobre... não tanto pela privação do que falta a toda a gente, mas pelo desejo de bens conhecidos, apreciados, e que o desenvolvimento da inteligêneia, a excitação da sensibilidade, ou qualquer outra causa, tornaram necessários. Este desejo nasce ,sobretudo da comparação das fortunas: eis a razão por que o servo feudal, menos pobre que o escravo romano ou grego, não era, apesar disso, mais feliz; tal como o proletário francês, menos pobre que o proletário romano, não é mais feliz... Donde vêm todos estes infortúnios? Nem mais nem menos, que da distinção das classes, da desigualdade. A sociedade, no seu conjunto, pode ganhar em moral, em inteligências, mesmo em riqueza; mas, enquanto essa sociedade contiver extremos, a distância entre o pobre e o rico, entre o servo e o barão, permanece a mesma, não há felicidade pública. (Avertiss. aux Propr.)
O pauperismo é a pobreza anormal, actuando de modo subversivo; qualquer que seja o facto particular a seguir ao qual ele se produz, ele consiste na falta de equilíbrio entre o produto do homem e o seu rendimento, entre a sua despesa e a, sua necessidade, entre o sonho da sua ambição e a força das suas faculdades - consequentemente, nas condições dos cidadãos. (La Guerre et la Paix, liv. IV, cap. III.)
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