terça-feira, janeiro 05, 2010

O NEGRO E O VERMELHO

Realidade do ser colectivo

A condição de toda a existência, depois do movimento, é, indubitavelmente, a unidade; mas, de que natureza é esta unidade? Se interrogarmos a teoria do progresso, ela responde-nos que a unidade de todo o ser é essencialmente sintética, que é uma unidade de composição... É de acordo com esta concepção do ser em geral, e em particular do eu humano, que julgo possível provar a realidade positiva, e até certo ponto demonstrar as ideias (as leis) do eu social ou do grupo humanitário, e constatar e manifestar, acima e para fora da nossa existência individual, a existência duma individualidade superior do homem colectivo...
- Quanto a mim, de acordo com a noção de movimento, progresso, série, grupo, que a ontologia é forçada, doravante, a ter em consideração, e segundo as informações que a economia e a história, fornecem sobre a questão, vejo a sociedade, o grupo humano, como um ser sui generis, constituído pela ligação fluídica e pela solidariedade económica de todos os indivíduos quer da nação, quer da localidade ou corporacão, quer da espécie inteira... Um ser que tem as suas próprias funções, estranhas à nossa individualidade, as suas ideias, que nos comunica, os seus juízos, aue não se parecem em nada com os nossos... (Philos. du Prog., 1e lettre.)

b) A força colectiva

Os indivíduos não são os únicos dotados de força; as colectividades têm também a sua.
Uma fábrica, formada por operários cujos trabalhos convergem para um mesmo fim, que é obter este ou aquele produto, possui enquanto fábrica ou colectividade, uma força que lhe é própria: a prova está em que o produto desses indivíduos, assim agrupados, é muito superior ao que constituiria a soma dos seus produtos particulares, se tivessem trabalhado separadamente...
Do mesmo modo, a tripulação dum navio, uma sociedade em comandita, uma academia, uma orquestra, um exército, etc., todas estas colectividades contêm força, força sintética e, consequentemente, específica do grupo, superior em qualidade e em energia à soma das forças elementares suas componentes...
Consequentemente, sendo a força colectiva um facto tão positivo como a força individual, a primeira perfeitamente distinta da segunda, os seres colectivos são realidades do mesmo modo que os indivíduos...
Pelo seu poder, que é de todos os seus atributos o primeiro e o mais substancial, o ser social apresenta-se pois na qualidade de realidade e de vida; apresenta-se, entra na criação, da mesma maneira sob as mesmas condições de existência que os s seres... (Justice, L'État.)
No que diz respeito à substancialidade e à organização do ser social, demonstrei a primeira como o acréscimo de força efectiva próprio do grupo, e que excede a soma das forças individuais componentes; apresentei a lei da segunda, fazendo ver que ela se reduz a uma ponderação das forças, dos serviços e dos produtos, o que faz do sistema social uma equação geral, uma balança.
Enquanto organismo, a sociedade, o ser moral por excelência, difere essencialmente dos seres vivos, nos quais, a subordinação dos órgãos é a própria lei da existência... (Justice, Les Idées.)

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