quarta-feira, março 31, 2010

A pedofilia e a Igreja católica


A ICAR não tem o monopólio dos crimes sexuais nem sequer está provado que o seu clero seja mais licencioso ou perverso do que o islâmico, por exemplo.

Há, no entanto, razões que não deixarão em paz as sotainas. A alegada superioridade moral da Igreja católica chega ao absurdo de impor a continuação da gravidez a uma criança violada e grávida, a uma mãe em risco de vida ou com um feto com deficiências graves, às vezes incompatíveis com a vida.

A sanha contra a homossexualidade que nos pios ensinamentos seriam, como tudo, vontade do seu omnipotente deus, torna-a vulnerável perante a opinião pública que, à medida que duvida da virtude dos padres descrê da autoridade do seu deus.

Acresce que os padres foram quase sempre enclausurados em seminários, separados das mulheres, que os três monoteísmos depreciam, e tiveram de lidar com as hormonas na adolescência e chegaram à idade adulta sem maturidade sexual. O vulcão de lama que ora atinge a Igreja não é surpresa, é fruto da tolerância de que gozou, da conivência dos Estados e da hipocrisia das dioceses e do Vaticano.

O padre Frederico Cunha, condenado a 13 anos de prisão por homicídio de um jovem de 15 anos e por pedofilia, devia ter servido de lição ao bispo do Funchal, D. Teodoro, que o trouxe do Vaticano para secretário pessoal. O que restou de pias buscas à casa do padre, feitas alegadamente por castas freiras, era um manancial de pornografia e de provas das tendências pedófilas do reverendo padre cuja prisão o virtuoso bispo do Funchal comparou ao martírio de Cristo.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) não tomou qualquer providência para saber se havia bispos pedófilos, se algum era portador de Sida, se todos eram heterossexuais não praticantes e se cada um deles seria capaz de entregar à Justiça padres delinquentes.

Pelo contrário, numa saída precária do padre Frederico logo apareceu um táxi para o levar a Madrid, um passaporte falso e dinheiro verdadeiro que lhe permitiram a fuga para o Brasil onde certamente continua a transformar a água normal em benta e as rodelas de farinha em corpo e sangue de Cristo. Ninguém, que se saiba, foi investigado por ter sido conivente na fuga ou o obrigou a mudar de profissão.

Quando este Papa encobriu padres pedófilos, como provaram o NYT e outros jornais, quando João XXIII ameaçou de excomunhão quem denunciasse os crimes sexuais do clero, incluindo as vítimas, só podemos contar com o braço secular para tratar os funcionários de deus como qualquer outro cidadão.

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