É a opinião de Malthus, Sigmondi, Say, Droz, Duchâtelet, etc. Mas se querem que o pobre seja prudente é preciso que o rico lhe dê o exemlpIo: porque se há-de fixar a idade de casar aos 18 anos para este e aos 30 para aquele?
Depois, viria a propósito explicarem-se categóricamente sobre essa prudência matrimonial que se recomenda tão insistentemente ao operário; porque tem de se desconfiar do maior dos equívocos e duvido que os economistas se tenham perfeitamente entendido. «Eclesiásticos pouco esclarecidos alarmam-se quando se fala no uso de prudência no casamento; receiam que se peque contra a ordem divina, crescem e multipicai-vos. Para serem coerentes deveriam acusar de anátema os celibatários.» (J. Droz, Economia política.)
Droz é um homem demasiadamente honesto e nada teólogo para ter compreendido a causa dos alarmes dos casuístas e esta casta ignorante é o mais belo testemunho da pureza do seu coração. A religião nunca encorajou a precocidade dos casamentos e a espécie de prudência que censura é a que nos chega expressa no latim de Sanchez: An licet ob metum liberorum semen extra vas ejicere?
Destutt de Tracy parece não se contentar nem com uma nem com outra prudência e diz: «Confesso que não partilho mais o zelo dos moralistas para diminuir e incomodar os nossos prazeres do que o dos políticos para aumentar a nossa fecundidade e acelerar a nossa multiplicação.» A sua opinião é, pois, que se faça amor e se case tanto quanto se possa. Mas as consequências do amor e do casamento fazem pulular a miséria; o nosso filósofo não se preocupa com isso. Fiei ao dogma da necessidade do mal, é do mal que espera a solução de todos os problemas. Também acrescenta: «Continuando a multiplicação dos homens em todas as classes da sociedade, o supérfluo das primeiras é sucessivamente rejeitado para as classes inferiores e o da última é necessariamente destruído pela miséria.» Esta filosofia conta com poucos adeptos conhecidos; mas tem sobre qualquer outra a incontestável vantagem de ser demonstrada pela prática. É também a que a França ouviu professar outrora, na Câmara dos deputados, quando da discussão sobre a reforma eleitoral: Haverá sempre pobres; este o aforismo político com o qual o ministro pulverizou a argumentação de Arago. Haverá sempre pobres! sim, com a propriedade.
Os fourieristas, inventores de tantas maravilhas não podiam, nesta ocasião, trair o seu carácter. Assim, inventaram quatro meios de limitar, à vontade, a expansão da população:
1.º - O vigor das mulheres. Neste ponto a experiência é-lhes contrária; porque se as mulheres vigorosas nem sempre são as mais prontas a conceber, pelo menos são elas que dão à luz as crianças mais viáveis, de maneira que a vantagem da maternidade lhes pertence.
2.º - O exercício integral, ou igual desenvolvimento de todas as faculdades físicas. Se esse desenvolvimento fosse igual como enfraqueceria o poder de reprodução?
3.º - O regime gastrosófico, em francês filosofia de garganta. Os fourieristas afirmam que uma alimentação luxuosa e abundante tornaria as mulheres estéreis, como uma superabundância de seiva torna as flores mais ricas e belas fazendo-as abortar. Mas a analogia é falsa: o aborto das flores resulta dos estames, ou órgãos masculinos, se transformarem em pétalas, como se pode verificar pela inspecção de uma rosa e de que o pó fecundante perca a sua virtude prolífica, pelo excesso de humidade. Para que o regime gastrosófico produza os resultados que se esperam não basta pois engordar as mulheres, é preciso tornar os homens impotentes.
4.º - Os costumes fanerogâmicos ou o concubinato público: ignoro porque empregam os falansterianos palavras gregas para ideias que se traduzem muito bem em francês. Este meio, assim como o precedente, é imitado dos processos civilizados. Fourier cita como prova, o exemplo das prostitutas. Ora, ainda reina a maior incerteza sobre os factos que alega; é o que diz formalmente Parent Duchâtelet no seu livro Da Prostituição.
Segundo os dados que pude recolher, os remédios para o pauperismo e fecundidade indicados segundo o costume das nações, pela filosofia, pela economia política e pelos reformadores mais recentes, estão incluídos na seguinte lista: Masturbação, onanismo (1), pederasdia, tribadia,
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(1) Hoc inter se differunt onanismus et manuspratio, nempe quod haec a solitario exercetur, ille autem a duobus reciprocatur, masculo scilicet et faemina. Porro foedam hanc onanismi venerem ludentes uxoria mariti habent nunc omniuin suavissimam.
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