Naquele tempo, tudo era normal. Faziam-se negócios públicos ruinosos, vendia-se país de atacado ao desbarato a interesses bem instalados no poder, concediam-se isenções fiscais aos que mais podiam, fazia-se de conta que não havia paraísos fiscais, concediam-se serviços públicos a amigos, nomeavam-se incapazes para cargos públicos pelo critério da cor do cartão partidário, favoreciam-se empresas e particulares em negócios de Estado. Numa palavra, roubava-se. Pagavam os mesmos de sempre, com a indiferença de sempre. O país havia caído nas mãos de ladrões.
De ladrões e de ladrõezecos. Um dia, sem se importunar com as câmaras que o filmavam, um deputado da então Assembleia da República, anteriormente envolvido em histórias de traficâncias de gangs internacionais e até em casos de pedofilia mal esclarecidos, roubou os gravadores e toda a informação sigilosa neles contida dos jornalistas que o entrevistavam. Em vez da reprovação veemente e do fim da carreira política do gatuno que a indignidade do acto mereceria, o mãozinhas, alguém que, não obstante o seu passado duvidoso, ostentava um cargo tão importante como o de vice-presidente do grupo parlamentar do partido mais votado, ainda foi elogiado pelo seu número 1: «Ricardo Rodrigues é um dos melhores deputados da Assembleia da República, tem servido de forma exemplar o nosso projecto político e tive já a oportunidade de lhe exprimir a minha solidariedade». Naquele tempo, o mérito era algo muito relativo. Em 2010, tudo era absolutamente normal.
De ladrões e de ladrõezecos. Um dia, sem se importunar com as câmaras que o filmavam, um deputado da então Assembleia da República, anteriormente envolvido em histórias de traficâncias de gangs internacionais e até em casos de pedofilia mal esclarecidos, roubou os gravadores e toda a informação sigilosa neles contida dos jornalistas que o entrevistavam. Em vez da reprovação veemente e do fim da carreira política do gatuno que a indignidade do acto mereceria, o mãozinhas, alguém que, não obstante o seu passado duvidoso, ostentava um cargo tão importante como o de vice-presidente do grupo parlamentar do partido mais votado, ainda foi elogiado pelo seu número 1: «Ricardo Rodrigues é um dos melhores deputados da Assembleia da República, tem servido de forma exemplar o nosso projecto político e tive já a oportunidade de lhe exprimir a minha solidariedade». Naquele tempo, o mérito era algo muito relativo. Em 2010, tudo era absolutamente normal.
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